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Terapia via inteligência artificial já é realidade; profissionais da saúde mental discutem prós e contras

2024-08-19 HaiPress

O atendimento pelos apps que utilizam a IA é feito em tempo real,por áudio ou texto — Foto: Shutterstock

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 19/08/2024 - 05:05

IA na Terapia: Avanços e Desafios

Terapia via inteligência artificial avança,criando conexões terapêuticas rápidas. Profissionais debatem vantagens e desafios,como privacidade e autodiagnóstico. Humanização e responsabilidade são questões levantadas diante do potencial das IA na saúde mental.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

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Era tarde da noite e o gerente de produto Luciano Gadelha,de 26 anos,não conseguia dormir. Bastante ansioso,buscou uma ajuda nada convencional: o aplicativo americano de saúde mental Sônia,criado com o auxílio da inteligência artificial. Era a melhor terapeuta disponível naquela hora. “Sou entusiasta das novidades em tecnologia. Fiz a sessão de mente aberta e me surpreendi. Foram 30 minutos de conversa em inglês,e saí melhor do que entrei”,define ele. Até agora,Luciano realizou quatro atendimentos e crê que,entre cinco e dez anos,recursos parecidos estarão disponíveis no Brasil.

“As orientações do chatbot (programa que simula uma conversa humana) me ajudaram muito. Mas não acho que os humanos serão substituídos.” Para usar o programa,o gerente de produto preencheu alguns dados: nome,ano de nascimento e o foco a ser trabalhado,como ansiedade,depressão ou vícios. Ainda é possível escolher se o terapeuta será homem ou mulher. O atendimento é feito em tempo real,por áudio ou texto.

O gerente de produto Luciano Gadelha,de 26 anos — Foto: Arquivo pessoal

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A novidade causa espanto,mas já é realidade em países da Europa e nos Estados Unidos. Um estudo conduzido em 2022 pela Universidade de Stony Brook,em Nova York,com 1.200 usuários do aplicativo Wysa,um dos muitos apps voltados para atendimento psicológico com IA,descobriu que a “conexão terapêutica” entre bot e paciente se desenvolveu em apenas cinco dias. Os atendimentos custam menos do que as terapias convencionais,e o “profissional” está disponível 24 horas.

Apesar dos pontos positivos,a pós-doutora em psicologia pela UFRGS Ana Carolina Peuker,criadora do aplicativo de saúde mental Bee Touch,diz que há preocupação com a segurança dos dados,que deveriam ser protegidos contra violações de privacidade,e o aumento exponencial de autodiagnósticos incorretos difundidos nas redes sociais. “Plataformas como o TikTok dão informações de forma simplificada e superficial. A IA ajuda a identificar padrões,sintomas,fornece orientações gerais,mas confiar apenas nestes sistemas pode levar a diagnósticos imprecisos e a tratamentos inadequados”,reforça a profissional.

A empatia e a subjetividade,fatores intrinsecamente humanos e essenciais ao processo terapêutico,também se perdem. “Acho que a inteligência artificial é treinada para dizer o que desejamos. Para sermos empáticos,é preciso contato social com outras pessoas. O uso excessivo de telas nos tira isso”,opina a psicóloga Taís Barreto.

A engenheira química Giovana Rabelo,de 27 anos — Foto: Arquivo pessoal

Criador do aplicativo de saúde mental Cíngulo,o psiquiatra e neurocientista Diogo Lara vê a tecnologia como agregadora ao processo e,em breve,deve incluir atendimentos em tempo real. Por lá,o usuário responde a 36 perguntas,e o algoritmo cria sessões personalizadas que,segundo Lara,bebem em mais de “30 escolas” da área. No pacote,há áudios e textos divididos em trilhas de autoconhecimento. “Não existe risco de substituição dos seres humanos,mas o mercado vai mudar. A ideia é que o atendimento psicológico seja mais amplo”,reforça.

A engenheira química Giovana Rabelo,de 27 anos,escolheu o Cíngulo há quatro anos,e criou uma rotina para cumprir os atendimento. “Gostei da estrutura,a narrativa por trás das sessões e sua profundidade. Com um dia a dia corrido,é o que funciona. As sessões trazem sacadas importantes e descansam minha mente”,diz.

Ciente dos avanços,Rodrigo Acioli Moura,do Conselho Federal de Psicologia,diz que a tecnologia e a IA são bem-vindas,mas paira a dúvida: quem se responsabilizará em casos de diagnósticos errados? “E como garantir que o retorno do que está sendo dito ao paciente,muitas vezes em situação delicada,é o melhor para ele?”,questiona. Respostas que os seres humanos precisarão encontra

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