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Jacarepaguá faz 430 anos: conheça documentários que contam a história do bairro

2024-09-08 HaiPress

Realizada pela Casa de Cultura de Jacarepaguá,visita guiada apresenta a Fazenda da Taquara para o público — Foto: Divulgação

RESUMO

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GERADO EM: 08/09/2024 - 07:00

"Seminário celebra 430 anos de Jacarepaguá com foco na história e diversidade cultural"

Para comemorar os 430 anos de Jacarepaguá,a Casa de Cultura promoverá um seminário com documentários locais,como "Quilombo do Camorim" e "Encruzilhada entre terreiro e quilombo em Jacarepaguá". O evento terá palestras,debates e pré-lançamento de livro,destacando a rica história e diversidade cultural da região. A programação inclui visitas guiadas e atividades gratuitas,ressaltando a importância de preservar o patrimônio histórico,cultural e natural local.

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Fundado em 9 de setembro de 1594,Jacarepaguá,situado na base dos maciços da Pedra Branca e da Tijuca e que faz limite com a Barra da Tijuca pela Avenida Abelardo Bueno,completa 430 anos na segunda-feira (9). A história é longa,e vem sendo bem registrada,graças aos muitos moradores da região que se dedicam à produção de documentários retratando sua riqueza cultural e suas transformações.

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'Quilombo do Camorim: uma história de resistência'

Dois destes documentários serão apresentados no seminário “A Baixada de Jacarepaguá: história,legados,riquezas e potencialidades”,que a Casa de Cultura de Jacarepaguá,dedicada à preservação da memória local,vai promover no próximo fim de semana para celebrar o aniversário do bairro,numa programação que inclui também palestras e debates. Um deles é “Quilombo do Camorim: uma história de resistência”. Disponível também no YouTube e fruto de uma parceria entre o Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA) e o Núcleo Piratininga de Comunicação,o documentário retrata uma festa de celebração,realizada em 2017,para marcar os três anos de certificação do território como uma comunidade remanescente de um antigo quilombo pela Fundação Cultural Palmares,do governo federal.

— Além do Quilombo do Camorim,o filme conta a história do Engenho do Camorim,que foi o maior latifúndio de toda a cidade do Rio de Janeiro,indo de Guaratiba até o Vidigal. Toda a Baixada de Jacarepaguá pertencia ao então governador Salvador Correia de Sá,que,no século XVI,doou essa sesmaria para seus dois filhos,Martim e Gonçalo,processo que deu origem a Jacarepaguá. A data em que essa carta de sesmaria foi assinada é usada pela prefeitura para comemorar o aniversário do bairro — explica Val Costa,vice-presidente do IHBAJA e professor de história e geografia. — Gonçalo implementou vários engenhos na parte que ficou para ele. O maior de todos foi o do Camorim,anos depois,passou a ser administrado por sua irmã,Dona Vitória. Antes de morrer,ela deixou um testamento doando as terras do engenho para o mosteiro de São Bento,que teve a posse até o final do século XIX.

São Gonçalo de Amarante: Capela figura no documentário “Quilombo do Camorim: uma história de resistência” — Foto: Divulgação

Entidade que busca salvaguardar o patrimônio material e imaterial da região,o IHBAJA dispõe de uma série de produções sobre a área,a qual,segundo avaliação de Costa,é um cenário fértil para obras audiovisuais.

— Eu diria que poucos lugares no município podem ser tão frutíferos para a produção audiovisual,com relação a aspectos históricos e naturais,como a Baixada de Jacarepaguá. Temos o maior complexo lagunar da cidade e ecossistemas belíssimos com grande importância ambiental,como manguezais e restingas,além de áreas tomadas por vegetação de Mata Atlântica. Tanto o Parque Estadual da Pedra Branca quanto a Floresta Nacional da Tijuca têm porções na região. Além disso,há o acervo arquitetônico da época colonial e imperial do Brasil,como a Fazenda Baronesa da Taquara,o Santuário de Nossa Senhora do Loreto e a Igreja de Nossa Senhora da Penna,a arquitetura mais icônica — detalha.

Um estudioso sobre Jacarepaguá,com trabalhos de pesquisa a respeito da região para a PUC,o professor esclarece uma confusão que costuma haver sobre seus limites territoriais,modificados na década de 1980,quando áreas até então conhecidas como sub-bairros se tornaram bairros de fato: Tanque,Taquara,Pechincha,Praça Seca,Freguesia,Anil,Gardênia Azul,Cidade de Deus e Curicica.

— Uma coisa é a Baixada de Jacarepaguá,outra é a Região Administrativa de Jacarepaguá e outra é o bairro de Jacarepaguá. Antigamente,as pessoas chamavam toda a região de Jacarepaguá e chamavam o que hoje são os bairros de sub-bairros. Entretanto,isso acabou com o decreto 3.158 de 1981,que os transformou em bairros independentes. Em relação à data festiva,a lei (5.146/2010) estabelece que 9 de setembro é o aniversário estritamente do bairro de Jacarepaguá — observa. — A Região Administrativa de Jacarepaguá é uma das 33 do município,que engloba diversos bairros (os antigos sub-bairros). Já a Baixada de Jacarepaguá engloba 20 bairros e três regiões administrativas: Barra da Tijuca,Jacarepaguá e Cidade de Deus.

'Encruzilhada entre terreiro e quilombo em Jacarepaguá'

A contribuição da população negra na construção da região é também o mote do documentário “Encruzilhada entre terreiro e quilombo em Jacarepaguá — ressignificação do Sertão Carioca”,dirigido pelo ator e roteirista Paulo Mileno,já exibido em escolas e cineclubes da área e outro documentário que estará no seminário da Casa de Cultura JPA. A obra tem como pano de fundo locais como as antigas sedes das fazendas Rio Grande e da Taquara,na Taquara,e Engenho D’Água,na Gardênia Azul,além do Quilombo Cafundá Astrogilda,em Vargem Grande,e dos terreiros Aldeia Oloroke Tiefon (de candomblé),em Jacarepaguá,e Tenda Espírita Descanso do pai Artur (de umbanda),na Taquara.

Fazenda da Taquara. Situada na Estrada Rodrigues Caldas 780,a construção é retratada em “Encruzilhada entre terreiro e quilombo” — Foto: Divulgação

— A história do bairro é muito desconhecida por seus próprios moradores,porque é apagada e,por vezes,distorcida. Minha proposta é fazer um resgate desse conhecimento por meio dos quilombos e dos terreiros,destacando a luta e a resistência do povo negro na região. As antigas sedes das fazendas do período escravocrata e suas igrejas vizinhas estão presentes até hoje na paisagem de Jacarepaguá; já os quilombos não têm tanto destaque assim. Mostro esse contraste,que é fruto de uma pilhagem material e ideológica engendrada pelo escravismo — observa Mileno.

Nascido e criado na Taquara,o documentarista,de 39 anos,que morou fora do bairro por oito,teve o interesse despertado pelo tema após ter participado de uma visita guiada pelo Quilombo Cafundá Astrogilda e ficado encantado com sua história. Já a inclinação para o audiovisual se deu bem antes,aos 16 anos,quando foi convidado pela mãe de um amigo para participar de um comercial de TV. Depois,fez cursos de teatro e gestão cultural e não parou mais de trabalhar na frente das câmeras,nos bastidores e nos palcos.

— Jacarepaguá tem um histórico de servir de set para o audiovisual. E quando os autores e diretores conhecerem mais a fundo a história do bairro,o volume de filmagens vai aumentar ainda mais. Temos preciosidades como a trilha do Pau da Fome,uma localidade da Taquara onde gravamos parte do documentário. É um lugar lindo,de muito verde,onde eu respirava ar puro quando era mais novo e que até hoje me sinto bem ao visitar. O local abriga cachoeiras e terreiros que me conectam com as forças da natureza. Estou sempre dialogando com o bairro por meio dos meus trabalhos,e só saio daqui quando viajo para fora do Rio ou do Brasil — destaca.

'Turma 101'

Área vizinha que se conecta com a história do bairro,a Cidade de Deus também é cenário de muitas obras audiovisuais. Uma delas é o longa-documentário “Turma 101”,roteirizado e dirigido por Wagner Morais,ex-morador da comunidade. O filme,gravado este ano e que está em fase de edição,se passa na Escola Municipal Leila Barcellos,onde o cineasta estudou nos anos 1990 e decidiu seguir a carreira no cinema após uma oficina. Na obra,ele conta a história de sua antiga turma e da atual 101,com entrevistas de amigos da época e de alunos de agora.

Concentração. O cineasta Wagner Novais e equipe gravam "Turma 101" em escola da Cidade de Deus — Foto: Divulgação

— Eu volto à escola onde fiz a primeira série 30 anos depois para entender como está a educação hoje em dia e quais os sonhos das crianças. Na entrevista com elas,perguntei “quem você é” e “o que veio fazer na Terra”,num jogo com figurinos,para os alunos ficarem à vontade para serem quem são. E começo também a entender o que aconteceu na trajetória dos amigos de infância até a vida adulta — conta Novais. — A ideia surgiu em 2015,quando,no Dia da Criança,compartilhei nas redes sociais uma foto da minha antiga turma,fazendo um desabafo,porque muitos alunos negros tinham sido assassinados. Um amigo gostou da foto e comentou que havia um filme sobre uma foto de uma escola de classe média,em que só tinha uma pessoa negra. Então,resolvi fazer sobre a minha turma.

Na visão do cineasta,de 41 anos e que hoje mora em Vila Isabel,a Cidade de Deus tem uma importância na história de Jacarepaguá.

— A comunidade é formada,em sua maioria,por pessoas pretas,e sua presença é fundamental para tornar a região mais diversa e plural. E é essa diversidade de pessoas e de modos de existir que torna o território tão único. Por outro lado,o audiovisual se favoreceu muito da crise social e de segurança que assola a área,com o domínio de poderes paralelos,a exemplo do que se vê nos filmes “Cidade de Deus” e “Tropa de elite 2”. E a violência acaba com a autoestima das pessoas. Mas a comunidade é muito potente artisticamente,e é isso que procuro retratar — diz.

“Mandinga”. Bastidores do curta de ficção de Wagner Morais que aborda temas como a diversidade religiosa — Foto: Divulgação

Wagner Novais gravou ainda na Cidade de Deus os curtas de ficção “Tempo de criança” (2010) e “Mandinga” (2016),ambos disponíveis no YouTube.

'Festival cultura urbana'

Outro documentarista com raízes na comunidade é Mateus Paz,que saiu de Salvador e chegou ao Rio há 17 anos,com o intuito de estudar cinema e teatro. Ele já gravou quatro filmes na Cidade de Deus,como o documentário “Festival cultura urbana”,sobre o festival que celebrou os 55 anos do bairro,em 2018. Os demais são de ficção: “Doum”,que fala de um menino que resolve sair da comunidade para conhecer pontos turísticos do Rio; e “Aqui não” e “Cidadão de bem”,que abordam racismo e violência policial contra jovens negros,respectivamente. As obras foram apresentadas em festivais e,para acessá-las,basta entrar em contato com o cineasta pelo Instagram @mateuspaz.

“Cidadão de Bem”. Violência contra negros é mote do curta de Mateus Paz — Foto: Divulgação

A programação do seminário

Val Costa estará entre os palestrantes do seminário “A Baixada de Jacarepaguá: história,que será promovido pela Casa de Cultura de de Jacarepaguá no sábado (14h às 22h) e domingo (15h às 22h). Entre os destaques da programação,estão o pré-lançamento de um livro inédito sobre a história do bairro e visitas guiadas por pontos históricos. O nome da obra será definido pelo público por meio de uma enquete a ser feita no Instagram @casadeculturajpa durante o seminário. As opções são: “Jacarepaguá: um sertão de memórias”,“Jacarepaguá: mais de 400 anos de história” e "Encantos do Sertão Carioca: mais de 400 anos de história”.

Rodas de conversa com pesquisadores e historiadores,exposições e as exibições dos documentários de Val e Mileno estão entre as atividades. A participação é gratuita,mas precisa de inscrição prévia em linktr.ee/casadeculturajpa.

— Trata-se de reconhecer e valorizar as raízes que moldaram a identidade da nossa região e de nossa gente. Ao contar a história de Jacarepaguá,estamos dando voz às culturas indígenas e afrobrasileiras e a todos que contribuíram para o rico mosaico cultural que temos hoje. É uma oportunidade de relembrar as lutas e resistências que nos trouxeram até aqui e de promover um desenvolvimento que respeite e valorize nosso patrimônio histórico,cultural e natural — pontua Alexandra Gonzalez,fundadora da Casa,que fica na Rua Alberto Soares Sampaio,72,na Taquara.

Restaurante também terá festa

Um dos restaurantes mais tradicionais da região,o Baixo Araguaia,na Freguesia,promoverá,a partir das 19h,uma celebração do aniversário de Jacarepaguá,com bolo e promoção de chope cremoso e pastéis,que serão vendidos a R$ 4,30. A festividade conta com a parceria da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia.

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