2024-09-09 HaiPress
Baleia-cinzenta no Oceano Pacífico em Los Cabos,estado de Baja California,México — Foto: ALFREDO ESTRELA / AFP
GERADO EM: 09/09/2024 - 00:05
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Quando pensamos em conservação da natureza,o que vem à mente? Provavelmente a imagem de uma floresta tropical verdejante,com árvores altas e frondosas. Esse também é o cenário gerado pela inteligência artificial,caso alguém solicite uma imagem que represente o tema. Agora,ao pedirmos uma ilustração sobre “férias divertidas” a um gerador de imagens,teremos desenhos de praias com mar límpido,sol e coqueiros ao redor.
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A praia é um destino de férias universal e,no Brasil,não poderia ser diferente. Segundo pesquisa conduzida em 2022 pela Fundação Grupo Boticário,em parceria com a Unesco e a Universidade Federal de São Paulo,75% dos brasileiros vão à praia ao menos uma vez por ano. No entanto apenas 34% dos entrevistados compreendem que suas ações têm impacto direto no oceano.
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Apesar de toda a importância da saúde do oceano para nossa existência,o quadro é muito preocupante. As pressões,que incluem alterações climáticas,poluição,destruição de hábitats e pesca excessiva,contribuem para o aquecimento do oceano,a acidificação e a perda de biodiversidade.
A educação e a comunicação são dois caminhos fundamentais para conscientizar pessoas de todas as idades e estratos sociais sobre quanto sua vida sofre influência oceânica e como os mares podem ser incorporados em ações e decisões individuais,mesmo a quilômetros de distância do litoral. Para aumentar essa compreensão individual e coletiva,as Nações Unidas promovem,desde 2017,o conceito de “cultura oceânica”.
Na educação há bons exemplos a seguir. No Brasil,320 escolas em 20 estados já estão cadastradas no projeto Escola Azul,que adota educação oceânica em seus currículos. A rede All-Atlantic Blue Schools reúne 20 países do Atlântico,com mais de 600 escolas participantes,envolvendo 4.500 professores e mais de 200 mil estudantes.
Paralelamente,a comunicação para promover a cultura oceânica também é um movimento crescente. Investigação promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian,instituição internacional com sede em Portugal,descobriu que a falta de compreensão sobre a razão por que o oceano é importante para nossa vida atrasa a busca por soluções. A partir da compreensão vem a preocupação e,quando as pessoas se sentem mais conectadas a um problema,é mais provável que ajam. Atuando também no Reino Unido e fora da Europa,a fundação incentiva a sociedade civil a melhorar a comunicação sobre o ambiente marinho,indo além da bolha dos ambientalistas e cientistas.
No Brasil,em sintonia com a Década do Oceano (2021-2030) declarada pela ONU,a iniciativa Conexão Oceano,lançada em 2019 pela Fundação Grupo Boticário,busca estimular a comunicação de qualidade sobre a importância e a transversalidade dos ambientes costeiros e marinhos para diferentes públicos e por diferentes plataformas e atores da sociedade,incentivando também a produção de reportagens por meio do Edital Conexão Oceano.
A ampliação do engajamento da sociedade foi um dos temas do 4º Diálogo das Fundações,na semana passada no Rio de Janeiro,com presença de cerca de 30 instituições filantrópicas globais para traçar ações a favor dos mares.
Seja na educação,na comunicação ou na pesquisa científica,acelerar a conservação do oceano é extremamente importante. Precisamos cada vez mais promover uma cultura oceânica amigável,não apenas para divulgar o conhecimento sobre os mares,mas também para incentivar governos,tomadores de decisão,empresas,investidores e cidadãos a tomar medidas em nível local e global em busca de mudanças positivas significativas.
*Fabio Eon é coordenador de Ciências Naturais e Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil,Jessica Bridges é gerente de Mobilização e Comunicação da sucursal da Fundação Calouste Gulbenkian no Reino Unido,Omar Rodrigues é gerente de Comunicação,Engajamento e Relacionamento Institucional da Fundação Grupo Boticário