2024-09-14 HaiPress
Segundo dados do Word Footwear Yearbook citados pela Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado,Componentes,Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS),apesar do recuo de 3,6% da produção,para 81 milhões de pares,no ano passado a indústria nacional "voltou a revelar um melhor desempenho do que Itália",que perdeu 8,6% para 148 milhões de pares.
Já considerando a última década,a associação destaca que a produção portuguesa de calçado aumentou 8% (de 75 milhões de pares em 2013 para 81 milhões em 2023),enquanto Itália produziu menos 26,7% (de 202 milhões de pares em 2013 para 148 no ano passado).
Desde 2018,a produção de calçado em Portugal aumentou 1,3% para 81 milhões de pares,o que compara com um recuo de 20% (de 92 para 80 milhões) da indústria espanhola e uma quebra de 19,6% da italiana,que produziu 148 milhões de pares em 2023.
"Em termos práticos,na Europa,apenas Portugal reforçou a produção de calçado",realça a APICCAPS,salientando que "a indústria portuguesa assume,por esta altura,praticamente 20% da produção europeia".
A associação destaca que a indústria do calçado "continua fortemente concentrada na Ásia,onde são fabricados quase nove em cada 10 pares de calçado",o que se traduz numa quota de 87,1% do total mundial (87,4% no ano anterior).
Ainda assim,em 2023,a produção na Europa recuou apenas 5%,o que compara com a perda de 7% no continente asiático.
"Ainda que o ano de 2023 tenha sido particularmente difícil para o setor do calçado a nível internacional,começam a verificar-se os primeiros sinais consolidados de 'nearshoring' [encurtamento das cadeias de produção,contratando em regiões mais próximas]",sublinha o presidente da APICCAPS,citado num comunicado.
Para Luís Onofre,este é "claramente um bom sinal" para as empresas portuguesas,que,"mesmo num clima de grande exigência,continuam a investir e a procurar novas oportunidades de negócio".
"Nos últimos dois anos,o nosso país foi procurado por marcas de inegável prestígio a nível internacional,que procuram naturalmente um parceiro fiável,com uma grande qualidade produtiva,serviço de excelência e que está a apostar de forma continuada nas áreas da automação,digitalização e mesmo sustentabilidade",sublinha o dirigente associativo.
A nível global,a China continua a destacar-se como o maior produtor mundial de calçado,respondendo pelo fabrico de 12.300 milhões de pares em 2023 e respondendo por 55% da quota de mercado global.
Já a Índia reforçou a sua participação,sendo agora responsável por 11,6% do total mundial.
De acordo com o World Footwear Yearbook,a queda registada na produção mundial de calçado em 2023 está diretamente relacionada com a contração do consumo nos principais mercados mundiais: os EUA (recuo de 749 milhões de pares),a China (menos 398 milhões de pares) e a União Europeia (decréscimo de 399 milhões de pares). No conjunto,perderam praticamente 1.500 milhões de pares.
Na mesma linha,as exportações globais de calçado sofreram um "revés significativo" no ano passado,ascendendo a 14.000 milhões de pares e 168.000 milhões de dólares (cerca de 152.420 milhões de euros),o que representa uma quebra homóloga de 9,1% e 6,1%,respetivamente.
"No meio deste cenário desafiador,os países asiáticos consolidaram o seu domínio no comércio global de calçado,com a sua quota coletiva a aumentar para 84,6%,face a 83,9% em 2022. Por outro lado,a quota da Europa contraiu ligeiramente para 12,8%",detalha a APICCAPS.
Em 2023,o preço médio de exportação por par de calçado foi de 12 dólares,um aumento de 3,2% face a 2022 e de 38,8% na última década. Itália continua a liderar esta tabela,seguida de Portugal.
A Ásia domina também no que respeita ao consumo de calçado,respondendo no ano passado por mais de metade (54,7%) do total mundial,acima da quota registada no ano anterior. Seguem-se a Europa e a América do Norte,respetivamente com quotas de 13,9% e 13,4%.
Por países,a China continua a ser o principal consumidor de calçado,embora a sua participação no total mundial tenha diminuído e se situe agora em 17,1%.
O consumo nos Estados Unidos registou também uma redução significativa,que custou ao país a segunda posição alcançada no ano anterior,permitindo a sua ultrapassagem pela Índia.
Já a União Europeia,quando considerada como uma região,representa o terceiro maior mercado consumidor de calçado,com 1.948 milhões de pares consumidos em 2023.