2024-09-15 HaiPress
Prefeito JHC com Arthur Lira e Rafael Brito com Renan Calheiros — Foto: Reprodução/Instagram e Divulgação
GERADO EM: 15/09/2024 - 03:30
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A eleição para a prefeitura de Maceió é marcada pela disputa de candidatos apadrinhados pelo senador Renan Calheiros (MDB) e pelo presidente da Câmara dos Deputados,Arthur Lira (PP),os dois nomes mais influentes da política de Alagoas. O pleito também coloca em lados opostos os principais antagonistas do cenário nacional,o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com ampla vantagem nas pesquisas de intenção de voto,o prefeito João Henrique Caldas (PL),o JHC,é o postulante à direita melhor posicionado nas capitais do Nordeste. Ele tenta a reeleição com aval de Lira e Bolsonaro,enquanto Rafael Brito (MDB) recorre à vinculação com a família Calheiros e à figura de Lula em sua propaganda eleitoral.
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Como pano de fundo para o embate,há ainda o jogo para 2026,quando Renan e Lira devem disputar vagas para o Senado. Com 74% das intenções de voto,de acordo com a última pesquisa Quaest,JHC tem rejeitado participar de debates e sabatinas. Sem se expor às críticas dos adversários e com a máquina nas mãos,o candidato de Lira e Bolsonaro tem conseguido manter os seus índices de popularidade. O foco tem sido recorrer às redes sociais como principal ferramenta de campanha.
Na raia oposta,Brito aposta nas figuras do ministro dos Transportes e ex-governador,Renan Filho,e do atual governador,Paulo Dantas (MDB),para sair dos 4% registrados no último levantamento da Quaest. O mote da campanha do emedebista gira em torno da possibilidade de integração entre os governos federal e estadual com a prefeitura,caso seja ele eleito. Mas Brito está bem distante do líder da disputa. Está empatado com o candidato do Solidariedade,o ex-deputado estadual e ex-vereador Lobão,que também registrou 4% na pesquisa.
O candidato do MDB busca nacionalizar a campanha e questionar,além de JHC,figuras como o presidente da Câmara e Bolsonaro. Para isso,atraiu o PT para a sua chapa e,com isso,usa a imagem de Lula em peças publicitárias.
O grande fiador da candidatura de Brito e principal articulador da parceria com os petistas,o senador Renan Calheiros,porém,vem sendo escondido na propaganda eleitoral do emedebista,na qual apenas Dantas e Renan Filho têm espaço. A razão para não exibir o apoio do senador seria a rejeição ao nome dele na capital alagoana. Enquanto isso,Lula é citado até em jingle.
Tanto Lira quanto Renan têm o objetivo comum de ampliar o número de municípios alagoanos nas mãos de aliados,expandindo as bases eleitorais e já antecipando a campanha de 2026. A capital Maceió é considerada “estratégica” para os planos de ambos.
Confiante na vitória,JHC se deu ao luxo de abrir mão de uma indicação de Arthur Lira para seu vice. De olho em 2026,quando pode se lançar ao governo,JHC escolheu o senador Rodrigo Cunha (Podemos) para ser seu companheiro de chapa,na expectativa de eventualmente deixar a prefeitura nas mãos do aliado. A manobra ainda pode levar Eudócia Caldas,mãe de JHC,ao Senado,já que ela é suplente de Rodrigo Cunha.
Mesmo deixando Lira de lado na composição da chapa,JHC segue tendo o seu apoio. Em entrevista ao GLOBO em julho,o presidente da Câmara afirmou que a articulação mira as eleições de 2026,ano em que pode ser candidato ao Senado com o apoio do grupo político do atual prefeito da capital alagoana.
— JHC é meu aliado,sim. Temos trabalhado juntos por Maceió nos últimos anos e costuramos os apoios de partidos em torno do JHC. Especula-se muito o vice do JHC,mas o prefeito é bem avaliado e quer se resguardar politicamente. Nosso debate não é sobre o vice deste ano,é sobre 2026. Queremos uma construção. Hoje,penso em ajudar os amigos,eleger prefeitos — disse o parlamentar alagoano,naquela ocasião.
Única capital nordestina onde Bolsonaro venceu na eleição de 2022,Maceió vê o ex-presidente se tornar coadjuvante na disputa pela prefeitura neste ano. Sem querer entrar no jogo de Rafael Brito,que busca a nacionalização da campanha com Lula na manga,JHC tem dito que o debate eleitoral é sobre a prefeitura e se recusa a falar sobre a polarização nacional,mesmo que para ressaltar o apoio do ex-titular do Planalto.
Bolsonaro,que é do mesmo partido que JHC,não aparece nas últimas 100 publicações do atual prefeito de Maceió nas redes sociais. A última atividade pública dos dois aconteceu em abril.
Há três meses,quando a pré-campanha começou a engrenar,a polêmica sobre a taxação de compras internacionais de até US$ 50,a chamada “taxa da blusinha”,aprovada pelo Congresso Nacional,envolveu a eleição municipal de Maceió.
O embate colocou em lados opostos os aliados Lira e JHC. O candidato a vice-prefeito,Rodrigo Cunha,foi um dos opositores à medida no Senado,defendida por Lira na Câmara,o que levantou dúvidas sobre a relação do deputado com o prefeito. Naquele momento,ainda havia expectativa de reação do presidente da Câmara por não ter emplacado o vice na chapa à reeleição. Em meio à tensão,JHC publicou uma foto ao lado de Lira reafirmando a amizade entre os dois.
“Tenho uma relação de imenso respeito e amizade pelo presidente Arthur Lira. Sei o quanto ele tem sido parceiro de Maceió,que melhora a cada dia”,escreveu JHC. E a paz foi selada.
O GLOBO nas capitais: dados de Maceió — Foto: Editoria de Arte
JHC (PL): Formado em Direito,atual prefeito foi o candidato a deputado federal mais votado do estado em 2014. Nas eleições de 2018,ele foi o parlamentar mais bem votado do Brasil proporcionalmente. Em 2022,se filiou ao PL de Jair Bolsonaro.Rafael Brito (MDB): Deputado federal eleito pela primeira vez em 2022,é graduado em administração de empresas. Já foi secretário estadual do Trabalho e concorre com o apoio da família Calheiros e do governador Paulo Dantas.Lobão (Solidariedade): Ex-deputado estadual e ex-vereador,o candidato é cantor e compositor da banda “Cheiro de Calcinha”. Nas eleições de 2022,ele disputou uma vaga na Assembleia Legislativa,mas ficou como suplente.
Lenilda Luna (UP),Nina Tenorio (PCO) e Rony Camelinho (Agir)
Saúde: Pesquisa Quaest apontou a saúde como a maior preocupação para 33% dos eleitores da capital alagoana.Infraestrutura: Para 12% dos entrevistados pela Quaest,a infraestrutura básica é um dos pontos negativos da cidade.Segurança Pública: Melhorias na segurança pública são a segunda principal reivindicação dos eleitores de Maceió,com 16%,segundo a Quaest.