2024-09-17 HaiPress
A professora Letícia Oliveira e Eduardo Justo no espetáculo “Corpos que dançam”,do projeto “Carioca sobre rodas” — Foto: Divulgação
GERADO EM: 17/09/2024 - 05:03
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Eles deslizam pelo salão como se voassem. O som da música ecoa pelas paredes,mas é o ritmo dos corpos,alguns em cadeiras de rodas,que realmente encanta. Entre os destaques desse palco inclusivo estão Francisco Reis e Eduardo Justo,dois bailarinos que superaram desafios físicos e emocionais por meio da dança. Reis,de 17 anos,morador do Rio Comprido,foi diagnosticado com mielomeningocele ao nascer,o que o levou a buscar no projeto “Carioca sobre rodas” uma forma de expressar sua força e leveza. Justo,de 38 anos,que vive com paralisia cerebral,encontrou na dança a chance de se libertar de suas limitações físicas. Desde que começou a participar do projeto,ele não só desenvolve suas próprias coreografias como também já conquistou prêmios por seu talento.
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O “Carioca sobre rodas”,que desde 2012 oferece cursos de dança para cadeirantes,está com inscrições abertas para novas turmas. As aulas,gratuitas,acontecem na Escola Carioca de Dança,na Rua Barão de Mesquita 438,na Tijuca,e começam no próximo sábado. As turmas são divididas entre crianças,com aulas das 10h às 11h30; e adolescentes e adultos,das 11h30 às 13h,sempre aos sábados. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 99507-5753.
Cátia Apridi e Francisco Reis no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro — Foto: Divulgação
Reis,que já passou por seis cirurgias ao longo da vida,faz parte do projeto desde os 6 anos,aprimorando suas habilidades motoras e sociais e encontrando um espaço de inclusão e alegria.
— A dança trouxe uma nova perspectiva e leveza para ele — diz Mônica Correia,sua mãe,comovida ao vê-lo deslizar pelo salão com confiança.
Para Justo,que descobriu o projeto ainda jovem,aos 12 anos,a dança é uma forma de liberdade.
— Dançar para ele é como voar — afirma Marli da Silva,tocada ao recordar a apresentação que rendeu ao filho o troféu de Bailarino Revelação e o primeiro lugar na categoria solo no 13º Festival Nacional de Dança Expressão e Arte,realizado no fim do mês passado,no Centro do Rio. — É emocionante! Apesar das dificuldades motoras e de fala,ele brilha no palco. Desde que começou a dançar,com 12 anos,Eduardo se dedicou à dança com uma paixão incrível. Ver suas coreografias ganharem reconhecimento é um verdadeiro presente.
O “Carioca sobre rodas” é coordenado pela pentacampeã de dança esportiva em cadeira de rodas Viviane Macedo e tem direção-geral de Marcelo Martins,bailarino e coreógrafo com quase 30 anos de carreira. O objetivo do projeto é promover a inclusão social e oferecer qualidade de vida a pessoas com deficiência,ao mesmo tempo em que abre portas para futuros artistas no mercado cultural. Ele é patrocinado por Prefeitura do Rio de Janeiro,Secretaria municipal de Cultura,Ancar e Lei de Incentivo à Cultura.
Além das aulas de dança,o projeto proporciona suporte social aos alunos e suas famílias,com o acompanhamento de uma assistente social. Martins explica que o projeto limita a participação a 15 alunos cadeirantes e 15 alunos andantes por turma,divididos entre um grupo infantil e uma turma para adolescentes e adultos
A meta agora é se preparar para o 1º Baile de Forró Inclusivo do Rio de Janeiro,que contará com duas bandas ao vivo e será realizado em dezembro no salão principal do Tijuca Tênis Clube. A expectativa é atrair um público de 600 pessoas,com ingressos vendidos a preços populares e gratuidade para os alunos do projeto e seus familiares.
O “Carioca sobre rodas” também conta com a liderança de duas professoras especializadas em dança adaptada e dinâmica infantil.
— Nos futuros editais,nossa intenção é formar novos professores de dança de salão adaptada,o que permitirá expandir nossas ações e impactar ainda mais a comunidade — afirma Martins.