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Na carteira da gestora Casa Brasileira, a qualidade da arquitetura dita o investimento

2024-10-28 HaiPress

Marcos Costa,CEO e co-fundador da Casa Brasileira — Foto: Divulgação

A gestora Casa Brasileira criou um veículo financeiro que investe em imóveis em prédios antigos e icônicos de São Paulo,apostando na tese de que boa arquitetura pode ser um bom investimento.

O veículo busca mais previsibilidade do que retornos agressivos,e para isso aposta na renda de alugueis de longo prazo --- tese que vai na contramão da onda de fundos imobiliários que investem em novos empreendimentos de estúdios ou apartamentos compactos,geralmente voltados para para aluguel de curta temporada.

Os alugueis de curta temporada são mais elevados,mas a concorrência é muito maior --- e o negócio está mais sujeito aos humores da economia. — Quem investe em imóvel tem visão de longo prazo,quase como uma aposentadoria. É um investimento que leva em consideração um prazo maior de maturidade. Mas percebemos que muitas pessoas estavam investindo nesses fundos com visão de curto prazo,para ganhar em três anos — diz Marcos M. Costa,CEO e co-fundador da Casa Brasileira.

— Resolvemos inverter a lógica: estamos olhando um horizonte de 15 anos. Não vamos dobrar o investimento em dois anos,mas podemos garantir que é um investimento previsível,de menor risco e que permite a diversificação de patrimônio,de forma desbancarizada,fora das corretoras —.

A Casa Brasileira compra o imóvel e faz a reforma antes de oferecer para locação em plataformas como QuintoAndar. Costa acredita que a qualidade arquitetônica dos imóveis e a sua localização — todos perto de metrô,em regiões com restaurantes,opções de trabalho e faculdades — contribuem para atrair moradores de longa permanência. A gestora ainda dá um cheque para o novo locatário gastar com pequenas adaptações e reformas — uma forma para que o locatário se sinta em casa e não em um Airbnb.

A Casa Brasileira foi fundada há quatro anos de forma experimental,inicialmente com recursos de amigos e familiares,adquirindo um imóvel de 29 m² no Edifício Copan,projeto de Oscar Niemeyer no centro de São Paulo. De lá pra cá,foram captados R$ 5 milhões com 35 investidores. Juntos,eles são donos de 15 imóveis na cidade de São Paulo,em prédios famosos: além do Copan,a carteira inclui o Planalto,na Bela Vista (projeto de Artacho Jurado),e o Tanabí,na Consolação,um projeto de Saginur & Neumann. Nem todos são antigos. A carteira conta ainda com um imóvel voltado para a baixa renda da Magik JC,localizado ao lado do Minhocão,no centro de São Paulo. O prédio tem projeto assinado pelo arquiteto Isay Weinfeld,que assina hoteis Fasano.

As captações são feitas quando surgem oportunidade de aquisição. A expectativa é fechar a compra de mais dois imóveis até o fim do ano e captar os recursos correspondentes.

— Em três a cinco anos,o plano é ter 200 imóveis na carteira e ir além de São Paulo. Mas vamos olhar lugares que a gente conhece,como Salvador e Rio — diz Marcos.

Marcos fundou a Casa Brasileira em sociedade com o baiano Gustavo Garcia,e o carioca Lucas Mendes,como um empreendimento paralelo às respectivas carreiras. Ele e Gustavo trabalhavam na Klabin,na área de tesouraria,fazendo estruturação financeira,fusões e aquisições. Os sócios seguem em outras frentes — Lucas é sócio do Laudelino Advogados —,enquanto Marcos deixou a Klabin este ano para se dedicar em tempo integral à Casa Brasileira.

Os recursos captados pela Casa Brasileira são estruturados como SCP (Sociedade em conta de participação),formato societário que facilita a emissão de cotas e a entrada e saída de sócios. Todos os investidores são donos de todos os imóveis. As cotas começam em R$ 25 mil.

O fundo tem como meta pagar dividendos 5% mais inflação a cada trimestre. E a cada ano as cotas são atualizadas para refletir eventuais valorizações dos imóveis. O fundo busca a valorização de longo prazo,mas pode vender os apartamentos quando surgir uma boa oportunidade.

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