2024-11-12 HaiPress
A menina Ágatha Félix,morta por uma bala perdida no Complexo do Alemão,no Rio,em 2019 — Foto: Reprodução
GERADO EM: 11/11/2024 - 21:06
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O júri do assassinato de Ágatha Félix,ocorrido em 2019,foi na última sexta-feira (8) e teve como sentença a absolvição do policial militar Rodrigo José de Matos Soares. A decisão partiu da turma de jurados,composta por cinco homens e duas mulheres,após quase 13h de julgamento. Por 4 votos a 3,os jurados entenderam que o PM disparou o tiro que matou a criança,mas sem intenção e o absolveram. Para Vanessa Sales Félix,mãe da menina,Rodrigo José é o culpado. Ela vai recorrer a decisão junto ao Ministério Público do Rio porque "o júri foi um cenário de mentiras".
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"Não foi realmente o resultado que nós esperávamos,aqueles que choraram e ainda choram esses cinco anos da perda da Ágata. A gente não esperava a absolvição que os jurados deram ao policial que atirou. Foram quatro votos a três,eu fiquei muito indignada,triste e revoltada. Me senti desrespeitada ali dentro.
Vanessa Sales Félix,mãe de Ágatha,na chegada ao julgamento do PM acusado de matar a menina — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Nós vamos recorrer. Vou ter uma reunião com o Ministério Público,vamos recorrer a essa decisão. O júri foi um cenário de mentiras. Eles enfatizando que teve confronto naquele dia,coisa que não houve. Eu não arriscaria a vida da minha filha,não arriscaria entrar dentro da comunidade em meio a um confronto. E eles insistiram com isso.
A defesa do réu levou uma foto da família dele. Aquilo dali também me estraçalhou porque ele tem a filha dele,que hoje está com 8 anos,ela está viva. Na minha filha ele atirou e ela está morta. Eu poderia colocar uma foto da minha filha no telão com um tiro,mas não fiz isso para vitimizar ninguém. Ele colocou a foto da filha,com a família dele dizendo que ele é um bom pai mexendo com toda a estrutura da minha família.
A minha dor e a minha saudade não foram e não estão sendo somente nesses cinco anos sem a Ágatha. Parece que estão sendo séculos essa saudade que não termina,parece que não acaba.
Eu tô tendo que todos os dias acordar e acreditar que ela está em um bom lugar,mas a saudade não passa. A saudade vai sempre existir,ainda mais em datas especiais.
Quando eu me vi naquele cenário de mentiras,aquele policial falando que não atirou e ele sendo absolvido meu coração se entristeceu muito. Eu tô muito triste ainda,mas eu sei de quem é a última palavra. Os homens são falhos,né? Mas Deus é justo e espero que daqui para frente eu recorrendo isso se reverta. Porque ele é culpado sim."
*Em depoimento a Thayssa Rios.