2024-11-12 HaiPress
Tom Homan,novo 'czar da imigração' dos EUA,durante entrevista coletiva na Casa Branca — Foto: WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
GERADO EM: 11/11/2024 - 16:36
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A indicação de Tom Homan como o “czar das fronteiras” do segundo governo de Donald Trump,além da iminente nomeação de Stephen Miller para vice-chefe de Gabinete,confirmaram que o republicano,conforme prometeu ao longo de sua campanha,tornará a imigração uma pauta central de seu segundo mandato. Os dois foram responsáveis por elaborar,no primeiro governo Trump,algumas das políticas migratórias mais radicais dos EUA,como a que separou menores de idade de seus pais,e ambos sinalizam que medidas similares podem estar a caminho.
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Ex-policial e agente de fronteira,Tom Homan foi um servidor de carreira dentro do governo,e trabalhou com seis presidentes ao longo de três décadas. Durante o governo do democrata Barack Obama,atuou como um dos diretores da Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE,em inglês),e foi o responsável por um número recorde de deportações.
Com Trump,a quem diz admirar,foi o diretor interino da agência entre 2017 e 2018,quando adotou uma política de tolerância zero com imigrantes que entrassem nos EUA de maneira irregular,especialmente na fronteira com o México. Neste período,vigorou uma das mais controversas medidas do primeiro governo do republicano: a separação de pais e filhos menores de idade. Segundo estimativas,cerca de 5,5 mil menores de idade foram separados de seus responsáveis legais e mandados para instalações precárias.
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Donald Trump fala durante comício de campanha no McCamish Pavilion em Atlanta,Geórgia — Foto: CHRISTIAN MONTERROSA / AFP
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O então candidato republicano,Donald Trump,durante debate presidencial com a candidata democrata,Hillary Clinton,em 2016 — Foto: AFP
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Apoiadores do presidente dos Estados Unidos,chegam ao evento de campanha do candidato em Michigan — Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP
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Apoiadores de Trump esperam chegada do ex-presidente em comício no Estado de Nova York — Foto: Michael M. Santiago/Getty Images/AFP
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Ex-presidente dos EUA e candidato à Presidência Donald Trump faz discurso no Wisconsin — Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
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Trump anda em caminhão do lixo em Wisconsin,em sátira a fala de Biden sobre eleitores republicanos — Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
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O ex-presidente e candidato republicano Donald Trump sobe ao palco durante um comício de campanha na Georgia Tech em Atlanta,em 28 de outubro de 2024 — Foto: Dustin Chambers/The New York Times
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Musk entrega cheque de US$ 1 milhão a apoiadora de Trump durante comício em Pittsburgh,na Pensilvânia — Foto: Michael Swensen/Getty Images/AFP
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Musk discursa durante evento a favor de Trump — Foto: Michael Swensen/Getty Images/AFP
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Camisetas com a frase 'Trump Capitão da Força' são distribuídas em evento pró presidente em Atlanta — Foto: Elijah Nouvelage / AFP
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Presidente Donald Trump durante campanha eleitoral em Albuquerque,Novo México — Foto: Getty Images via AFP
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Trump em loja do McDonald's na Pensilvânia — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP
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Trump faz ligações para eleitores nos bastidores após uma aparição de campanha presidencial em Warren,Michigan — Foto: Doug Mills/The New York Times
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A ex-primeira dama dos EUA,Melania Trump,e o ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca,Donald Trump — Foto: Mandel NGAN / AFP
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O ex-presidente dos EUA Donald Trump durante pronunciamento à imprensa em evento de campanha — Foto: Jenna Schoenefeld/NYT
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As separações foram alvo de duras críticas,incluindo de aliados,e Trump as pausou em 2018. Em 2021,o presidente Joe Biden a rescindiu em definitivo,mas dados do Departamento de Segurança Interna apontam que,até abril,ainda havia 1.401 menores cujas reuniões com os pais não foram confirmadas. Trump não disse se pensa em retomar a política de tolerância zero e separação de pais e filhos em seu segundo mandato.
Stephen Miller — Foto: Michael M. Santiago/Getty Images/AFP
De acordo com a rede CNN,outro arquiteto da política de "tolerância zero",Stephen Miller,será indicado por Trump para o posto de vice-chefe de Gabinete,um cargo que deve lhe dar voz e poder de ação nas questões migratórias. Em entrevistas recentes,ele sugeriu que seriam construídos "campos em terrenos abertos" para abrigar pessoas que estejam perto de serem expulsas dos EUA,disse que a meta seria deportar até um milhão de pessoas por ano,e que as deportações começarão "no primeiro dia" do mandato de Trump.
— Então você pega os imigrantes ilegais e então os move para os locais de detenção e é lá que os aviões estão esperando os agentes federais para então mover esses ilegais para casa. Você empregará a Guarda Nacional para executar a fiscalização da imigração — disse Miller,durante um discurso recente.
Ao contrário de 2018,quando Tom Homan teve sua efetivação para comandar em definitivo a ICE negada pelo Senado,o cargo de “czar de fronteiras” não precisa do aval do Legislativo. E embora ainda haja dúvidas sobre como funcionará na prática o posto,ele deu algumas pistas sobre como trabalhará em uma entrevista à Fox News nesta segunda-feira.
Segundo ele,haverá uma ação “operação bem direcionada e planejada,conduzida pelos homens da ICE",também descartando,neste momento,o emprego de militares,ao contrário do que indicou Miller.
— Quando formos lá,saberemos quem estamos procurando,provavelmente saberemos onde eles estarão e isso será feito de maneira humana — disse Homan,antecipando ainda os locais que devem ser os primeiros alvos das ações. — As operações em locais de trabalho precisam acontecer. Onde encontramos a maioria das vítimas de tráfico sexual e tráfico de trabalho forçado? Nos locais de trabalho.
Imigrantes passam por arame farpado para cruzar fronteira México-EUA — Foto: JOHN MOORE/AFP
Homan criticou as chamadas “cidades-santuário”,onde as autoridades locais limitam ou negam a cooperação com órgãos federais para a aplicação de leis migratórias. Ao mesmo tempo em que espera que essas cidades ajudem a ICE,também disse que o Departamento de Justiça poderá atuar para viabilizar operações nestes locais.
— Cidades-santuário são santuários para criminosos — afirmou.
Na entrevista,Homan,que é um convidado recorrente da Fox News,disse que não pensou duas vezes antes de aceitar o convite de Trump,e repetiu alguns argumentos usados pelo próprio republicano durante a campanha.
— Estou nesta rede há anos reclamando sobre o que esta administração fez com esta fronteira. Tenho gritado e berrado sobre isso e o que eles precisam fazer para consertar. Então,quando o presidente me perguntou: "Você voltaria e consertaria?" Claro. Eu seria um hipócrita se não o fizesse — afirmou. — Acho que o chamado é claro: tenho que voltar e ajudar porque todas as manhãs... Estou chateado com o que esta administração [Biden] fez com a fronteira mais segura da minha vida,então vou voltar e fazer o que puder para consertá-la.
Pessoas segurando cartazes pedindo "deportação em massa" de imigrantes,durante Convenção Nacional Republicana — Foto: Alex Wong/Getty Images/AFP
No final de outubro,em uma entrevista à CBS,ele havia dado detalhes sobre uma outra promessa de Trump: a deportação em massa de milhões de imigrantes em situação irregular. Segundo ele,“famílias poderão ser deportadas juntas”,mas disse que tudo será feito “da forma mais humana possível”.
— Não será uma varredura em massa de bairros. Não será a construção de campos de concentração. Eu li tudo. É ridículo — disse Homan à CBS.
Meses antes,em discurso na Convenção Nacional Republicana,o tom não foi tão ameno.
— Eu tenho uma mensagem para os milhões de estrangeiros ilegais que Joe Biden liberou em nosso país em violação à lei federal: é melhor vocês começarem a fazer as malas agora — afirmou.
O que Homan não explicou de maneira mais detalhada foi sua ligação com o chamado Projeto 2025,um plano de governo pautado por ideias conservadoras,incluindo medidas de restrição ao aborto e ao acesso a métodos contraceptivos,do qual Trump tentou se afastar,ao menos publicamente. Homan,segundo a CNN,contribuiu para um capítulo do “guia” de reformas e propostas para um “novo presidente conservador” — segundo a rede americana,ele foi um dos 140 ex-integrantes do governo Trump envolvidos com o texto de 900 páginas.
Em julho,Trump disse “não ter ideia” de quem está por trás do Projeto 2025.
Desde a sua vitória,na semana passada,Trump tem anunciado a conta-gotas alguns dos nomes de seu futuro governo. Na sexta-feira,ele confirmou que Susie Wiles,principal arquiteta de sua campanha,seria a chefe de Gabinete. Primeira mulher a ocupar o posto,ela é conhecida justamente por seu trabalho nos bastidores,e também por lidar de forma ordenada ao estilo caótico de governar do republicano. Além do lado político,Wiles ajudou Trump a lidar com os advogados encarregados de defendê-lo nos quatro processos criminais contra ele,e que parecem cada vez mais fadados ao arquivamento.
No domingo,além do anúncio de Tom Homan,Trump também confirmou Elise Stefanik como a nova embaixadora dos EUA na ONU. Outrora crítica do republicano,a quem atacou duramente na campanha à Presidência em 2016,Stefanik se converteu ao trumpismo nos últimos anos,e passou para a linha de frente na defesa do agora presidente eleito. A escolha de Stefanik confirma que a relação da Casa Branca com a ONU deve ser de atrito pelos próximos quatro anos: recentemente,ela afirmou que Washington deveria reconsiderar suas contribuições financeiras à organização caso alguns países sigam apresentando resoluções contra Israel,chamadas por ela de “antissemitas”.