2024-11-19 HaiPress
Primeiro dia da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
GERADO EM: 18/11/2024 - 21:43
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Os líderes do G20 aprovaram em consenso a declaração final na cúpula no Rio de Janeiro. O documento,de 22 páginas,fala de "paz" na Ucrânia,pede o cessar-fogo na Faixa de Gaza,defende taxação de super-ricos e aborda temas como Inteligência Artificial e igualdade de gênero.
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Em relação aos conflitos e guerras em andamento,o G20 reafirma que todos os Estados devem agir de maneira consistente com os Propósitos e Princípios da Carta da ONU em sua totalidade e diz que todos os Estados "devem se abster da ameaça ou uso da força para buscar aquisição territorial contra a integridade territorial e soberania ou independência política de qualquer Estado".
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"Afirmamos que todas as partes devem cumprir com suas obrigações sob o direito internacional,incluindo o direito internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos,e a este respeito condenamos todos os ataques contra civis e infraestrutura",afirma o texto.
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O texto dá mais ênfase à guerra na Faixa de Gaza no que na Ucrânia e propõe um cessar-fogo no Oriente Médio.
"Estamos unidos em apoio a um cessar-fogo abrangente em Gaza,em conformidade com a Resolução n. 2735 do Conselho de Segurança das Nações Unidas,e no Líbano,que permite que os cidadãos retornem em segurança para suas casas em ambos os lados da Linha Azul",afirma o texto.
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Os líderes expressam "profunda preocupação" com a situação humanitária "catastrófica" na Faixa de Gaza e a escalada no Líbano e falam na "necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária" e reforçar a proteção de civis e exigir a remoção de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em escala. Defende,ainda,a solução de dois Estados.
"Afirmando o direito palestino à autodeterminação,reiteramos nosso compromisso inabalável com a visão da solução de dois Estados,onde Israel e um Estado palestino vivem lado a lado,em paz,dentro de fronteiras seguras e reconhecidas,consistentes com o direito internacional e resoluções relevantes da ONU",afirma o texto.
Uma das principais bandeiras brasileiras no G20,a taxação dos super-ricos é citada uma vez. No texto,é dito que a soberania fiscal deve ser respeitada,mas que ainda assim o grupo vai buscar garantir que indivíduos de altíssima renda serão “efetivamente taxados”. O texto endossa a Declaração Ministerial do G20 do Rio de Janeiro sobre Cooperação Tributária Internacional e defende a tributação progressiva.
"Com total respeito à soberania fiscal,buscamos engajar-nos cooperativamente para assegurar que indivíduos de altíssimo patrimônio sejam efetivamente taxados. A cooperação pode envolver a troca de melhores práticas,o estímulo ao debate sobre princípios tributários e o desenvolvimento de mecanismos contra a evasão fiscal,incluindo o enfrentamento de práticas fiscais potencialmente prejudiciais",diz a declaração.
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A declaração afirma que "não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz" e lembra que o G20 nasceu de crises financeiras e econômicas. Agora,afirma o texto,o mundo enfrenta "uma crise multifacetada,na qual tensões políticas e geopolíticas colocam em risco nossa capacidade de enfrentar desafios como a promoção do crescimento,a redução da pobreza e a luta contra as mudanças climáticas".
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A declaração afirma que os desafios que a comunidade global enfrenta hoje "só podem ser abordados por meio de soluções multilaterais para um amanhã melhor e o fortalecimento da governança global para as gerações presentes e futuras".
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A declaração dos chefes de Estado afirma que o rápido progresso da Inteligência Artificial promete prosperidade e expansão da economia digital global.
"Para garantir o desenvolvimento,a implantação e o uso seguros,protegidos e confiáveis da IA,a proteção dos direitos humanos,a transparência e a explicabilidade,a justiça,a responsabilização,a regulamentação,a segurança,a supervisão humana apropriada,a ética,os preconceitos,a privacidade,a proteção de dados e a governança de dados devem ser abordadas",diz o texto final dos líderes globais.
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O G20 reafirmou o compromisso com a Agenda 2030,destacando que apenas 17% das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão no caminho certo. O texto também cita o "total compromisso com a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas",um dos pontos aos quais a Argentina tinha ressalvas.
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"Nós nos comprometemos a promover a igualdade de gênero no trabalho de cuidado remunerado e não-remunerado para garantir a participação igualitária,plena e significativa das mulheres na economia,promovendo a corresponsabilidade social e de gênero,encorajando e facilitando o envolvimento igualitário de homens e meninos no trabalho de cuidado e desafiando as normas de gênero que impedem a distribuição equitativa e a redistribuição das responsabilidades de cuidado",afirma o texto.
A cúpula destacou o lema de 2024: "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável",com foco na redução de desigualdades e ações socialmente justas e ambientalmente sustentáveis.
A declaração renova compromissos para atingir emissões líquidas zero até meados do século e para aumentar significativamente as energias renováveis e a eficiência energética globalmente até 2030.
A cúpula também lançou a Força Tarefa para Mobilização Global contra as Mudanças Climáticas para reforçar o financiamento climático,especialmente em países em desenvolvimento.
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A declaração afirma que os países vão se empenhar em mobilizar financiamento novo e adicional de todas as fontes para florestas,incluindo financiamento concessional e "inovador" para países em desenvolvimento. Incentiva mecanismos inovadores que buscam mobilizar novas e diversas fontes de financiamento para pagar por serviços ecossistêmicos. Também reafirma a ambição do G20 de reduzir a degradação do solo em 50% até 2040 de forma voluntária. Os países também dizem que tomarão medidas para prevenir,gerenciar e lidar com os impactos negativos de secas e incêndios florestais extremos.
A Cúpula do G20 lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza,promovendo estratégias como transferência de renda,programas de alimentação escolar e acesso ao microcrédito,e isso é mencionado no documento.
O documento reforça a necessidade de modernizar a Organização Mundial do Comércio (OMC),promovendo um sistema comercial multilateral baseado em regras,justo e sustentável. O G20 apoia uma reforma no sistema de solução de disputas acessível a todos os membros e destacou o papel do comércio para o crescimento econômico inclusivo.
"Garantir condições equitativas e concorrência justa consistente com as regras da OMC é essencial para garantir a prosperidade e promover um ambiente favorável ao comércio e ao investimento para todos. Nós reiteramos a centralidade da dimensão do desenvolvimento da OMC",diz o texto.
O texto também fala que os países do G20 de comprometem a modificar "o Conselho de Segurança por meio de uma reforma transformadora que o alinhe às realidades e demandas do século XXI,que o torne mais representativo,inclusivo,eficiente,eficaz,democrático e responsável,e mais transparente para toda a comunidade das Nações Unidas,permitindo uma melhor distribuição de responsabilidades entre todos os seus membros,ao mesmo tempo que melhora a eficácia e a transparência dos seus métodos de trabalho. Nós reivindicamos uma composição ampliada do Conselho de Segurança que melhore a representação das regiões e grupos sub-representados e não representados,como a África,Ásia-Pacífico e América Latina e Caribe".
O texto ainda destaca a necessidade de sistemas de saúde resilientes,financiamento sustentável e acesso equitativo a vacinas,diagnósticos e tratamentos,especialmente para doenças negligenciadas. A criação de uma Coalizão para Produção Local e Regional busca ampliar o acesso a tecnologias de saúde.