2024-11-21
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Apoiador de Donald Trump segura cartaz de apoio dos latinos ao então candidato republicano à Presidência — Foto: Anna Moneymaker/The New York Times
GERADO EM: 20/11/2024 - 21:03
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Os líderes democratas e a campanha da Kamala Harris erraram ao enxergarem nós latino-americanos (sim,nós brasileiros somos latino-americanos) como um bloco homogêneo que votaria no partido indefinidamente pelo simples fato de supostamente haver uma maior concordância em relação à imigração e um repúdio ao racismo e à xenofobia de Donald Trump.
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Comecemos pelo temor da deportação em massa de imigrantes ilegais. Apesar de importante,a ameaça não afeta diretamente a imensa maioria dos eleitores latino-americanos. Afinal,se a pessoa pode votar,significa que tem cidadania e status totalmente legal dentro dos EUA como o de qualquer americano independentemente da origem. Claro que alguns têm familiares enfrentando problemas e sem documentos.
Uma parcela também se solidariza com essa população por questões ideológicas e não apenas por ter nascido no México ou no Brasil (meu caso). Ao mesmo tempo,sabemos da hipocrisia dos democratas. O recorde de deportações ainda pertence a Barack Obama. Joe Biden manteve políticas radicais de Trump na fronteira. Mesmo com uma retórica distinta,não há tantas diferenças entre democratas e republicanos. Aliás,o último presidente bom para os imigrantes sem documentos foi o republicano Ronald Reagan ao anistiá-los nos anos 1980.
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Há ainda aqueles que adotam uma postura contrária aos conterrâneos em situação irregular e até defendem deportações em massa propostas por Trump. Como diz um amigo brasileiro-americano meu residente há décadas nos EUA,um número grande de latino-americanos passa a defender um política anti-imigração depois de conseguirem o passaporte americano. Não existe,para alguns de nós latino-americanos,solidariedade com os conterrâneos.
Parte de nós latino-americanos é de direita e conservadora e outra parte de esquerda e progressista. Basta observar na política. O senador e futuro secretário de Estado Marco Rubio,filho de cubanos,integra o Partido Republicano. Já o pai da popular deputada Alexandria Ocasio-Cortez nasceu em Porto Rico,um território americano no Caribe. Entre os brasileiros cidadãos americanos,por exemplo,há um volume grande de eleitores de Bolsonaro e Trump por afinidade ideológica.
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Há ainda uma diferença nas origens dos latino-americanos. Um argentino-americano descendente de europeus muito provavelmente é visto e ele própria se veja como branco na prática dentro dos EUA. Já um americano indígena filho de guatemaltecos tende a ter sofrido mais preconceito. Um negro americano-brasileiro talvez tenha uma experiência mais próxima da de afro-americanos. Por último,há uma diferença na forma como a pessoa conseguiu a cidadania. Todos os porto-riquenhos nascem americanos. Há muitos latino-americanos que nasceram nos EUA de pais ou avós vindos da região. Outros conseguem a cidadania através da naturalização,tendo nascido em outros países.
Por incrível que pareça,os republicanos entendem essas diferenças e buscaram atrair,com sucesso,certos grupos de eleitores com origem na América Latina que compartilham da ideologia republicana em temas como economia. Isso explica o avanço no tal eleitorado latino-americano. Já os democratas seguem com uma visão estereotipada.
