2025-02-19
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Mauro Cid,almirante Garnier e Jair Bolsonaro — Foto: Reprodução/ Agência Câmara e Agência Brasil
GERADO EM: 18/02/2025 - 22:45
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Ao denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas pela trama golpista,a Procuradoria-Geral da República (PGR) dividiu os fatos em cinco diferentes peças acusatórias,o chamado "fatiamento" da denúncia. A opção pela divisão da acusação em diferentes núcleos faz parte de uma estratégia adotada pelo procurador-geral da República,Paulo Gonet,na tentativa de facilitar a condução dos processos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro é acusado de cinco crimes: liderar organização criminosa armada,tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,golpe de Estado,dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Com o fatiamento da denúncia,a expectativa no STF é que ao menos até o final do ano o julgamento envolvendo Bolsonaro pela Primeira Turma do Supremo seja concluído,evitando que o caso siga para 2026,ano eleitoral.
Uma das peças encaminhadas por Gonet aponta que a organização para executar a trama golpista tinha como líderes o então presidente da República e o seu candidato a vice-presidente,Braga Netto,que constituíam o "núcleo crucial". Este grupo era composto por integrantes do alto escalão do governo federal e das Forças Armadas. A PGR afirma que deste grupo partiram as principais decisões e ações de impacto social,e que Mauro Cid,"embora com menor autonomia decisória,também fazia parte desse núcleo,atuando como porta-voz de Bolsonaro".
Este grupo tinha como objetivo coordenar o emprego das forças policiais ou militares para executar as operações elaboradas pelo núcleo político. Alguns integrantes eram o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques e o ex-assessor para Assuntos Internacionais Filipe Martins. Segundo a PGR,essas pessoas "coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima" de Bolsonaro no poder. De acordo com a denúncia,Mário Fernandes MARIO FERNANDES ficou responsável por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas,"além de realizar a interlocução com as lideranças populares" ligadas ao 8 de janeiro.
Era o núcleo responsável por ações coercitivas e era integrado por militares como o general Estevam Theophilo. Segundo a PGR,essas ações foram executadas por membros das forças de segurança pública "que se alinharam ao plano antidemocrático. De acordo com a denúncia,Estevam Teophilo,como Comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter),aceitou coordenar o emprego das forças terrestres "conforme as diretrizes do grupo". Também segundo a denúncia,Hélio Ferreira Lima,Rafael Martins de Oliveira,Rodrigo Bezerra de Azevedo e Wladimir Matos Soares "lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas".
A PGR ainda diz que os especialistas Bernardo Romão,Cleverson Magalhães,Fabrício Moreira de Bastos,Márcio Nunes de Resende Júnior,Nilton Diniz Rodrigues,Sérgio Cavaliere e Ronald Ferreira de Araújo Júnior também participavam e "promoveram ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe".
Este núcleo atuou na propagação de notícias falsas e tinha como integrantes,por exemplo,os militares Ailton Barros e Angelo Denicoli. Segundo a PGR,esse grupo propagava "notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo. Todos estavam cientes do plano maior da organização e da eficácia de suas ações para a promoção de instabilidade social e consumação da ruptura institucional".
Uma peça é dedicada à participação do influenciador Paulo Figueiredo Filho,que,segundo a acusação,atuou para atacar a credibilidade das urnas e pressionar militares a aderirem à trama golpista