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Aliados dos EUA terão de escolher entre frear 'big techs' ou permitir avanço impune, diz autor

2025-02-27 HaiPress

Paris Marx é autor de “Estrada para lugar nenhum: o que o Vale do Silício não entende sobre o futuro dos transportes”,— Foto: Arquivo pessoal

RESUMO

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GERADO EM: 26/02/2025 - 16:35

Aliança entre Trump e big techs: dilema para aliados dos EUA

Aliados dos EUA enfrentam dilema entre conter ou favorecer as big techs,que veem em Trump um aliado para expansão. A influência do Vale do Silício promove soluções tecnológicas como resposta a questões políticas e sociais,mas traz riscos de regulações globais. A aliança entre Trump e as empresas de tecnologia impacta a geopolítica e pressiona aliados a escolher entre regular ou apoiar as gigantes tecnológicas. A visão do Vale do Silício enfatiza o empreendedorismo individual e soluções mágicas,enquanto a obsessão atual com a inteligência artificial busca atrair investimentos. A influência do setor na mobilidade urbana e na política é destacada,alertando para a necessidade de lidar com as causas reais dos problemas,em vez de depender de soluções tecnológicas.

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As grandes empresas de tecnologia enxergam Donald Trump como a melhor forma de garantir a expansão de seus negócios e de evitar regulações mais severas. Pelos próximos quatro anos,essa relação estreita vai impor a aliados dos EUA,como o Brasil,uma escolha: aceitar afrouxar o controle para as big techs ou manter iniciativas para contê-las.

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A avaliação é de Paris Marx,escritor canadense autor do livro “Estrada para lugar nenhum" (Ubu),que destrincha os impactos que a influência do Vale do Silício teve sobre o transporte urbano e os debates sobre mobilidade nos últimos anos.

No livro,Marx explica como a "visão de mundo" dos empreendedores de tecnologia americanos,difundida pelas soluções que criam,popularizou a ideia de que individualmente é possível enfrentar problemas sociais e políticos. A obra foco em como essas tecnologias influenciaram o debate sobre mobilidade urbana ao redor do mundo. Mas a mesma lógica se expande para outras áreas,diz ele.

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"O Vale do Silício quer que todos acreditem que a solução para os problemas da sociedade está no desenvolvimento de novas tecnologias por empresas privadas",afirma o escritor,que é apresentador do podcast "Tech Won't Save Us",da revista americana The Nation. "Isso fica muito claro na abordagem que adotam (agora durante o governo Trump)".

Em entrevista ao GLOBO,Marx afirma ainda que a aproximação entre Trump e as big techs representa um risco global,já que os EUA tendem a usar sua influência para barrar regulações em outros locais,como na Europa. Ele avalia,ainda,a obsessão atual do setor com a inteligência artificial (IA),e cita os riscos de "soluções mágicas" que o setor tenta vender para o mundo.

No seu livro,você menciona uma certa "visão de mundo" do Vale do Silício. Qual é essa visão?


O Vale do Silício quer que todos acreditem que a solução para os problemas da sociedade está no desenvolvimento de novas tecnologias por empresas privadas. Isso significa que todos os problemas são entendidos,essencialmente,como questões tecnológicas,ignorando o papel da política na construção do nosso mundo e na contribuição tanto para os problemas quanto para suas soluções.

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Quais são as afinidades dessa visão com o trumpismo?


Isso fica muito claro na abordagem que adotam. Eles querem restringir a autoridade do governo em várias áreas,como fica evidente com as ações do Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk,o DOGE,que que demitiu funcionários públicos e desmantelou agências e departamentos governamentais.

Ao fazer isso,eles garantem ao público que essas medidas não afetarão a prestação de serviços,pois simplesmente implementarão novas ferramentas de inteligência artificial para preencher a lacuna. Isso não é apenas um delírio tecnológico,mas o uso da tecnologia para justificar um programa profundo de austeridade,com repercussões generalizadas.

Uma das imagens marcantes da posse de Donald Trump foi a dos CEOs das principais empresas de tecnologia do mundo em posição privilegiada. O que essa proximidade tem mostrado?

Os CEOs das grandes empresas de tecnologia dos EUA decidiram que Donald Trump é o melhor caminho para preservar e expandir seu poder. Muitos deles estavam frustrados com as críticas vindas do governo Biden,sem mencionar os esforços regulatórios e as investigações antitruste. Por isso,recorreram aos republicanos para garantir que não fossem responsabilizados por suas ações corporativas,nem significativamente tributados ou regulamentados. Mas eles não estão apenas em busca de políticas favoráveis ao setor de tecnologia.

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A relação próxima,especialmente com Elon Musk e outros nomes,mostra que muitos dos poderosos do Vale do Silício estão adotando grande parte da agenda MAGA ("Make America Great Again") de Trump — independentemente das consequências para grande parte da população.

Como essa aliança de Trump e big techs influencia outros países?


O governo dos EUA há muito tempo defende os interesses de suas empresas de tecnologia e sua capacidade de dominar mercados globais. Apesar das críticas do Vale do Silício à administração Biden,o governo não foi realmente agressivo em restringi-las internamente e,no exterior,tem defendido abertamente seus interesses por meio de acordos comerciais e da diplomacia. Mas sob Trump,veremos esses interesses sendo promovidos de forma ainda mais aberta e descarada.

Isso incluirá a continuidade da pressão sobre empresas de tecnologia chinesas para limitar sua expansão internacional,bem como sobre aliados tradicionais dos EUA que aprovarem regulamentações ou impuserem tributações às gigantes de tecnologia americanas.

Esse é o grande interesse desses CEOs ao se aproximarem de Trump?


O CEO da Meta,Mark Zuckerberg,o CEO da Apple,Tim Cook,e Elon Musk já deixaram claro que esperam que os Estados Unidos defendam seus interesses no exterior,especialmente na Europa. Já vimos o vice-presidente J.D. Vance ir à Europa criticar as regulamentações tecnológicas da União Europeia,enquanto Trump atacou o imposto canadense sobre serviços digitais e Musk regularmente difama regulações estrangeiras,alegando que são uma ameaça à liberdade de expressão.

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Nos próximos quatro anos,os países aliados dos Estados Unidos terão de fazer uma escolha: permitir que as empresas de tecnologia americanas ajam com impunidade ou acelerar os esforços para contê-las e até mesmo criar alternativas.

Você diz no livro que a história que o Vale do Silício gosta de contar sobre si mesmo celebra o "empreendedorismo individual". Como essa celebração se reflete nos produtos que eles criam?


A história do Vale do Silício não é apenas sobre soluções tecnológicas,mas também sobre empoderamento individual e a crença — ou pelo menos a alegação — de que a tecnologia capacita as pessoas a enfrentarem sozinhas forças poderosas da sociedade,sem a necessidade da política ou de sindicatos para ajudá-las.

Assim,produtos como o computador,o smartphone ou até mesmo os chatbots são apresentados como ferramentas que permitem que os indivíduos ajam no mundo — ou até mesmo criem suas próprias empresas. Isso obscurece o fato de que essas tecnologias,na verdade,têm fortalecido grandes corporações que moldam muitos aspectos de nossas vidas,e sobre os quais temos pouco controle.

Em seu livro,você critica como o Vale do Silício molda o futuro para atender a seus próprios interesses,com foco em mobilidade. O que podemos aprender com as falhas de algumas "soluções mágicas" que já foram propostas?


Repetidamente,o Vale do Silício nos prometeu soluções tecnológicas para problemas sociais sérios e não conseguiu entregar. O Uber deveria reduzir o trânsito; fez o oposto. Os carros autônomos deveriam eliminar mortes no trânsito; em vez disso,crescem as preocupações com os hábitos imprudentes da Tesla e como a automação parcial torna os motoristas menos atentos. A lista é longa.

No fim das contas,novas tecnologias não resolvem problemas políticos. Se quisermos enfrentar esses desafios,precisamos lidar com as causas reais de sua existência,em vez de esperar que algum empreendedor ousado venha com uma tecnologia mágica que resolva tudo sem precisarmos tomar decisões difíceis. Esse não é o jeito que o mundo funciona.

Em seu livro,você mostra como os interesses do Vale do Silício moldaram a lógica da mobilidade urbana. Esse processo (de influência das empresas sobre as políticas públicas) tomará novas proporções agora com Trump no poder? Como?


A indústria da tecnologia tem ambições muito maiores do que apenas mudar a forma como nos deslocamos. Eles querem revolucionar os contratos militares e aeroespaciais para desviar centenas de bilhões de dólares de contratantes tradicionais como Boeing e Lockheed Martin,por exemplo,para seus próprios bolsos,ao mesmo tempo em que reestruturam o governo dos EUA para atender a seus interesses. É um momento perigoso,que precisará ser combatido.

Como você vê a atual obsessão da indústria com a inteligência artificial?


Mais do que qualquer outra coisa,o hype da IA é uma estratégia para atrair investimentos. Em 2022,quando o ChatGPT foi lançado,as taxas de juros estavam subindo e a bolha das criptomoedas havia estourado. A IA surgiu nesse momento como a “próxima grande coisa” para impulsionar uma onda de negócios em um período em que o financiamento estava desacelerando. Isso não significa que não tenha trazido benefícios.

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Alguns investidores lucraram muito com a corrida do mercado de ações gerado pelo hype,e empresas como Microsoft,Google e Meta se tornaram ainda mais influentes graças à explosão da IA. Quando o entusiasmo diminuir,sou cético sobre o quão comum será o uso da IA generativa nos produtos tecnológicos que utilizamos.

Você acredita que existe um modelo possível de redes sociais que possa fortalecer a democracia em vez de enfraquecê-la?


É possível,mas não no formato atual. Atualmente,as plataformas promovem isso (discurso de ódio e polarização) porque é lucrativo. A polarização parece impulsionar o engajamento,o que aumenta os lucros com publicidade. Se quisermos redes sociais melhores,precisamos discutir seriamente alternativas sem fins lucrativos,possivelmente públicas,além de regulamentar de forma mais rígida as plataformas que causam danos sociais,mesmo que elas ameacem sair de certos mercados.

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