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Sob a sombra de Trump: oposição de centro-direita vence eleições na Groenlândia, e nacionalistas avançam, segundo a mídia estatal

2025-03-12 IDOPRESS

Eleitores esperaram em fila até na neve para votar na Groenlândia — Foto: Mads Claus Rasmussen/Ritzau Scanpix/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 12/03/2025 - 01:56

Centrão-direita vence na Groenlândia com avanço nacionalista

A oposição de centro-direita venceu as eleições legislativas na Groenlândia,com destaque para o crescimento dos nacionalistas que defendem a independência rápida da Dinamarca. A mídia estatal relata que o partido Democratas,de ideologia social-liberal,obteve vantagem considerável,enquanto o partido Naleraq também registrou um grande avanço. A Groenlândia,cobiçada por potências como EUA,Rússia e China,permanece em foco internacional.

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A oposição de centro-direita caminha para vencer as eleições legislativas desta terça-feira na Groenlândia,marcadas por apelos nacionalistas a uma rápida independência da Dinamarca nesta ilha ártica cobiçada pelo presidente dos Estados Unidos,Donald Trump.

Embora nem todos os votos tenham sido contabilizados,o partido Democratas,autoproclamado "social-liberal" e favorável à independência,mas a longo prazo,obteve uma vantagem inatingível,segundo relatou a emissora KNR.

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O partido nacionalista Naleraq,defensor da ruptura total do território autônomo dinamarquês com Copenhague,está a caminho de obter um "resultado esmagador",acrescentou o meio de comunicação.

Nunca antes as eleições na Groenlândia despertaram tanto interesse internacional,diante do desejo de Trump de pôr as mãos no território.

Coberta em 80% por gelo,essa enorme ilha do Ártico,com 57 mil habitantes – quase 90% inuítes –,possui hidrocarbonetos e minerais essenciais para a transição energética,o que desperta a cobiça de Trump.

"Respeitamos o resultado das eleições",declarou à KNR o primeiro-ministro,Mute Egede,líder do partido Inuit Ataqatigiit (IA,ecologista de esquerda),enquanto o partido Siumut,seu aliado social-democrata na atual coalizão governista,reconheceu a derrota.

Como nenhum dos partidos conquistou a maioria dos 31 assentos do Parlamento,precisarão negociar para formar uma aliança. Essa coalizão deverá definir os procedimentos e o calendário que levarão à independência desejada pela maioria da população.

O presidente dos Estados Unidos,convencido de que pode obter o território autônomo dinamarquês "de uma forma ou de outra",tentou influenciar as eleições até o último minuto para renovar os 31 deputados do Inatsisartut,o parlamento local.

- Nosso país está no olho do furacão "disse na véspera da votação o primeiro-ministro Egede. - O mundo exterior nos observa de perto e vimos recentemente até que ponto tentam nos influenciar - acrescentou.

A insistência,às vezes ameaçadora,provoca espanto,rejeição e,mais raramente,entusiasmo entre os groenlandeses.

- Já estou farto de suas ameaças vazias",disse Anders Martinsen,um funcionário do Fisco,de 27 anos. - Há muitos groenlandeses que veem os Estados Unidos de forma diferente com Trump na presidência,que estão um pouco menos dispostos a cooperar - explicou.

- Manter nosso país para nós mesmos,isso é o mais importante - disse outro eleitor,Lars Fredsbo.

Independência,sim,mas quando?

Além do presidente dos Estados Unidos,os debates eleitorais se concentraram em saúde,educação e na relação com a Dinamarca,que mantém as competências diplomáticas,militares e monetárias da ilha ártica.

Seus habitantes frequentemente se sentem tratados como cidadãos de segunda classe pela antiga potência colonial,da qual todos os principais partidos querem se separar.

No entanto,o consenso se rompe quando se trata do cronograma: os nacionalistas do Naleraq desejam uma independência rápida,enquanto os integrantes da coalizão do governo cessante a condicionam ao progresso econômico.

Atualmente,a economia do território depende da pesca,que representa quase todas as suas exportações,e de uma ajuda anual de cerca de 530 milhões de euros (US$ 575 milhões) fornecida por Copenhague,o que corresponde a 20% do PIB local.

Os independentistas mais impacientes acreditam que a Groenlândia será autossuficiente com a exploração de seus recursos minerais,especialmente as terras raras.

No entanto,suas reservas são modestas em nível global e o setor minerador ainda é embrionário,prejudicado pelos altos custos de exploração devido ao clima hostil e à falta de infraestrutura.

O 'imprevisível' Trump

Depois de sugerir,em seu primeiro mandato,a ideia de comprar a ilha – rejeitada pelas autoridades dinamarquesas e groenlandesas –,Trump voltou à carga nos últimos meses.

Sem descartar o uso da força,o magnata republicano reitera constantemente seu desejo de tomar esse território,considerado estratégico para a segurança dos Estados Unidos frente à Rússia e à China.

Na noite de domingo para segunda-feira,poucas horas antes do início da votação,Trump voltou a prometer,em sua rede Truth Social,segurança e prosperidade aos groenlandeses que desejarem "fazer parte da Maior Nação do mundo".

Entretanto,segundo uma pesquisa publicada em janeiro,85% dos groenlandeses rejeitam essa opção.

O primeiro-ministro Egede pediu respeito a Trump e lamentou que seu caráter "muito imprevisível" faça com que "as pessoas se sintam inseguras".

Por outro lado,os nacionalistas opositores do Naleraq veem no líder da Casa Branca um possível aliado antes das negociações com a Dinamarca.

Mas,em alguns casos,os comentários de Trump esfriam o entusiasmo independentista e fortalecem os laços com Copenhague.

Kornelia Ane Rungholm,funcionária municipal da cidade de Qaqortoq,admite que já não deseja mais a independência porque "Trump se apoderaria de nós imediatamente".

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