2025-06-23
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Camara de Vereadores do Rio vota na terça feira o texto final de uma operação urbanistica para viabilizar a construção do Imagine,Parque temático vizinho ao Parque Olímpico na Barra. Essa área verde será ocupada pelo projeto — Foto: Custodio Coimbra
GERADO EM: 22/06/2025 - 22:59
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A Câmara dos Vereadores do Rio deve votar amanhã,após 13 meses de discussão,o texto final da operação urbanística preparada para viabilizar a construção do Imagine. O parque temático concebido pelo Grupo Rock World,promotor do Rock in Rio e do festival The Town,em São Paulo,foi planejado para ocupar um terreno de mais de um milhão de metros quadrados vizinho ao Parque Olímpico. Entre mais de cem emendas propostas na Câmara,uma delas,que tem apoio do governo,deve trazer recursos em investimentos de infraestrutura para melhorar a mobilidade urbana na região da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes.
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A ideia é que a transação,definida por lei como uma Operação Urbana Consorciada,ajude o poder público a viabilizar intervenções viárias como a construção de mergulhões em áreas onde existem gargalos no trânsito ou,por exemplo,uma futura conversão de linhas do BRT em VLT.
Para tanto,o projeto prevê a transferência do potencial construtivo dos terrenos — ou seja,um total em metros quadrados que pode ser convertido em projetos imobiliários — para outras vias,incluindo as avenidas das Américas e Ayrton Senna e seu entorno. O mecanismo permite que construtoras ganhem uma espécie de bônus urbanístico.
A autorização de mais área construída,acreditam os vereadores,geraria uma valorização imobiliária — e o Legislativo exigiria contrapartidas em troca deste benefício.
—A proposta da emenda é vincular o licenciamento de projetos que recebam potenciais construtivos ao repasse para o Fundo Municipal de Mobilidade Urbana Sustentável (administrado pela Secretaria municipal de Transportes),que priorizaria investimentos no entorno. A partir daí,com base nos recursos arrecadados em outras fontes,como financiamentos,o município elegeria prioridades — diz o presidente da Câmara,Carlo Caiado (PSD).
Ele cita alguns exemplos:
—A prefeitura poderia converter em VLT o trecho do BRT Transoeste entre o Jardim Oceânico e o Recreio. Ou concluir intervenções estratégicas,como a implantação da Avenida Célio Ribeiro Mendes,que seria uma alternativa para desafogar o trânsito na Avenida das Américas. Ou ainda realizar melhorias viárias para desafogar o trânsito na Rua Pedro Corrêa (uma ligação entre a Estrada dos Bandeirantes e a Avenida Embaixador Abelardo Bueno).
O presidente da Câmara acrescentou que a ideia é que sejam cobrados R$ 250 por metro quadrado adicional licenciado. Caso todo o potencial seja usado,R$ 250 milhões poderiam ser gerados para o poder público a longo prazo. A entrada de recursos e o tempo para a implementação de melhorias dependeriam da demanda do mercado por usar os potenciais transferidos.
Fontes do setor ouvidas pelo GLOBO avaliam que existem áreas bem valorizadas na região que deverão aproveitar esse potencial. Entre elas está um terreno de 300 mil metros quadrados com frente para a Avenida Ayrton Senna,onde funcionou o parque Terra Encantada,que fechou em 2010. Há ainda terrenos nas imediações do Village Mall,na Avenida das Américas.
—Na prática,essa vinculação de recursos não beneficiaria só a Barra da Tijuca,mas toda a cidade. A melhor fluidez do trânsito na região facilitaria o deslocamento de quem mora ou trabalha em outros bairros — diz o presidente da Câmara Comunitária da Barra,Delair Dumbrosck.
Ele observa que esse tipo de parceria é viável e que a Câmara Comunitária já negociou com a prefeitura melhorias em mobilidade em outras operações urbanas consorciadas,já implantadas,onde era permitida a transferência de potencial construtivo de outras regiões para a Barra. Foi o que aconteceu na negociação para uma espécie de permuta feita pela prefeitura de um terreno privado em Inhoaíba,na Zona Oeste,onde foi construído o Parque Oeste,aberto no ano passado,e para financiar a modernização e ampliação do Estádio de São Januário.
— Negociamos com a prefeitura dois projetos viários em contrapartida pela transferência desses potenciais construtivos. Um dos projetos é a construção de uma nova ponte sobre o Arroio Fundo na Avenida Ayrton Senna,que vai terminar com um gargalo na saída da Barra para a Linha Amarela e Jacarepaguá. O outro é a criação de uma rótula para reorganizar o trânsito entre a chegada na orla e a Praia da Reserva — detalhou.
Com custo de R$ 4,7 milhões,a intervenção na rótula está em fase de licenciamento ambiental. A intervenção na Ayrton Senna tem custo estimado em R$ 60,3 milhões e ainda está em fase de licitação.
O CEO da Construtora Calper,Ricardo Rinauro,que tem empreendimentos na Barra e no Recreio,observa que,independentemente de contrapartidas novas,já existe previsão na legislação de que 2% do orçamento dos empreendimentos sejam destinados para melhorias viárias. As exigências da prefeitura variam: vão desde a implantação de novas ruas de acesso à recuperação de vias,seja no entorno do empreendimento ou em áreas eleitas como prioritárias.
— É claro que destinar recursos para mobilidade ajuda no desenvolvimento do mercado imobiliário e atrai novos moradores. Ter uma estação de BRT próximo à moradia,é um diferencial — diz Rinauro,que calcula ter repassado à prefeitura cerca de R$ 30 milhões em contrapartidas para projetos imobiliários entre a Barra e o Recreio nos últimos dez anos.
Já Carlos Felipe Carvalho,da Construtora Carvalho Hosken,observa que a própria implantação do Parque Olímpico já gerou recursos para obras na área:
— A estação que fica em frente ao Parque Olímpico foi viabilizada assim.
Caiado adiantou que também será apresentada uma emenda para dar mais segurança jurídica aos negócios. A proposta é condicionar a transferência dos potenciais construtivos à implantação de fato do Imagine. Essa área já foi objeto de uma operação urbana que viabilizou a Olímpiada de 2016 por meio de Parceria Público Privada. Investidores construíram o Parque Olímpico em parte do terreno do antigo Autódromo Nelson Piquet. Em troca,foi transferida a titularidade de outros imóveis públicos,inclusive lotes que integravam o autódromo.
Em 2024,o Grupo Rock World divulgou que planejava abrir o complexo em 2028,mas a demora na discussão do projeto pode levar a mudanças de cronograma. Parte dos brinquedos ocuparia áreas usadas hoje para acessar os palcos da Cidade do Rock,que recebe o Rock In Rio a cada dois anos e seria incorporada ao empreendimento.
Outra proposta é usar parte do espaço para formar mão de obra especializada em produções de grandes eventos,como o próprio Rock in Rio,aproveitando um prédio comercial usado como base do Comitê Rio 2016 durante a Olimpíada e uma estrutura onde ficou o centro de transmissões do evento,rebatizado pelo grupo Rock Word de Hub Criativo.
Em audiência pública na Câmara do Rio em maio,executivos do Rock World estimaram que o projeto injetaria R$ 240 bilhões na economia carioca e geraria 143 mil empregos em 30 anos. Junto com o Polo Cine e Vídeo,os estúdios Globo e os Estúdios da TV Record,o complexo do Imagine fará parte do futuro Distrito Criativo da cidade. Uma minuta de projeto de lei que tratará do tema,com regras para a região,ainda está em discussão nas comissões da Câmara.