2025-06-23
IDOPRESS
Para Tony Volpon,ex-diretor do Banco Central do Brasil,alta no preço do petróleo após bombardeio do Irã pelos EUA vai frear redução de taxa de juros por bancos centrais globalmente — Foto: Agência O Globo
GERADO EM: 22/06/2025 - 19:47
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O bombardeio do Irã pelos Estados Unidos e a sinalização do governo iraniano de que irá fechar o Estreito de Ormuz resultam de imediato em aumento do preço do petróleo a partir desta segunda-feira,afirmam especialistas.
O ciclo de alta da commodity,uma das bases para a economia mundial,pode retardar o ciclo de manutenção e de corte de taxas de juros por bancos centrais globalmente,avalia Tony Volpon,ex-diretor do Banco Central do Brasil.
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— (O preço do barril do petróleo) vai subir,obviamente,mas acho que cenários extremos,acima de US$ 100,de US$ 120,somente se houver uma resposta muito forte do regime (iraniano),o que eu não vejo — diz ele.
O porte e a extensão desse aumento do preço do petróleo no mercado internacional será um balizador para futuras decisões por bancos centrais em relação a cortar taxa de juros.
— Vai depender muito da duração da alta (do petróleo). Mas,em um primeiro momento,qualquer banco central pensando em cortar juros deve ficar pensando mais.
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Para entender que movimentos poderão vir em aumento de preço do barril de petróleo,Volpon desenha duas possibilidades de resposta do governo iraniano aos ataques americanos. Um seria o Irã abrir uma guerra contra EUA e Israel,o que seria “potencialmente o fim” porque o regime do aiatolá Khamenei não desfruta de grande popularidade e enfrenta desorganização administrativa,o que levaria à retomada de negociações.
— Se o regime decidir brigar,um segundo cenário,o que seria isso na prática? O grande risco seria alguma tentativa de ataque nos EUA. Aí,entraríamos em uma crise mesmo,sem poder avaliar as consequências — sublinha ele. — Mas acho que o mercado,com base nas informações que temos agora,vai colocar entre 60% e 70% de probabilidade no cenário um,25% no cenário dois,e 5% num cenário catastrófico.
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No Brasil,onde o Banco Central elevou na última semana a taxa básica de juros,para 15% ao ano,maior patamar desde julho de 2006 e sétimo aumento consecutivo,o impacto não será diferente,diz o economista:
— No Brasil,vai depender muito do câmbio e da vontade do BC em interferir. Mas se havia apostas em cortes (de juros) no início do ano que vem,isso deve ser menos precificado ou retirado da precificação da curva.