Casa modelo de negócio Produtos de Tecnologia Jogo ao vivo Hotéis próximos Notícias de atualidades diretriz de viagem Entretenimento Moda Vida Carro Educação Imobiliária Finanças Inteligente Pai-filho Saúde Educação Física Comida

Relógio é o que menos importa na decisão do TCU que autorizou Lula a ficar com presentes

2024-08-08 HaiPress

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante conversa com agências de notícias internacionais no Palácio do Planalto — Foto: Evaristo Sá/AFP

Não deixa de ser insólito que a discussão do momento na política brasileira seja sobre Lula devolver ou não um relógio de R$ 60 mil recebido de presente da Cartier em 2005 numa visita à França. Não que o episódio seja irrelevante. Se o Brasil ficasse na Escandinávia,o caso teria sido motivo de escândalo.

Leia também: TCU livra Lula de devolver relógio e abre brecha para ajudar Bolsonaro no caso das joiasEntenda: Ala bolsonarista do TCU atuou para livrar Lula de devolver relógio Cartier recebido de presente

Mas não há escândalo hoje,não houve lá em 2005,e a única razão pela qual o assunto entrou na pauta do Tribunal de Contas da União (TCU) foi a representação de um deputado do PL que pedia que o presidente devolvesse o relógio,mas que no fundo torcia para que o TCU livrasse Lula e,por tabela,ajudasse também Jair Bolsonaro a se safar de uma denúncia por se apropriar dos presentes do príncipe da Arábia Saudita e tentar vendê-los depois de deixar o governo.

Entre os regalos sauditas que o ex-presidente levou consigo estão não só relógios,mas também joias e esculturas de ouro e prata que,no conjunto,valem R$ 7 milhões. É muito mais do que o Cartier de Lula,sem contar o agravante de que Bolsonaro ainda tinha à disposição um time de atravessadores para repassar as peças em joalherias americanas.

Climão: Defesa de Bolsonaro usa relógios de Lula para pedir à PGR arquivamento do inquérito das joiasE ainda: Como Bolsonaro planeja usar caso do relógio de Lula para escapar de denúncia por joias sauditas

A Polícia Federal pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) processe Jair por peculato (nome que o Código Penal dá ao desvio de bens públicos),associação criminosa e lavagem de dinheiro. O inquérito está na Procuradoria-Geral da República (PGR),que ainda tem de decidir se denuncia ou não o ex-presidente.

De Dom José a Bolsonaro: veja presentes recebidos pelos chefes de Estado no Brasil

1 de 12


O rei Adandozan,que abastecia o tráfico negreiro,deu a Dom João VI um trono em madeira,chamado de "zinkpo",que foi destruído pelo fogo no incêndio do Museu Nacional. — Foto: Arquivo

2 de 12


Era também de Dom João VI o relógio destruído por bolsonaristas nos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília — Foto: Arquivo

Pular

X de 12


Publicidade 12 fotos

3 de 12


A Quinta da Boa Vista",na época chamada de "Quinta do Elias",também foi um presente Dom João VI,oferecido pelo comerciante Elias Antônio Lopes — Foto: Arquivo

4 de 12


Em uma viagem para o Egito,Dom Pedro II foi presenteado com uma múmia da sacerdotisa e cantora Sha Amin Em Su — Foto: Arquivo

Pular

X de 12


Publicidade

5 de 12


Há tempos,os presentes a chefes de estado são alvos de críticas. Charge publicada na revista D. Quixote mostra o então presidente,Epitácio Pessoa,ao chegar ao Brasil,vindo de suas viagens na Europa e nos Estados Unidos,cheio de condecorações,o que não era permitido na época. "Diante de tantas condecorações,a Constituição se esconde corada",diz a legenda — Foto: Biblioteca Nacional

6 de 12


Outra charge publicada na revista O Malho retrata Epitácio Pessoa na proa de um navio cheio de medalhas. “Para traze-lo foi necessário o maior navio do mundo”,diz a legenda. Receber condecorações não era permitido pela Constituição vigente — Foto: Biblioteca Nacional

Pular

X de 12


Publicidade

7 de 12


O Rolls-Royce da Presidência,fabricado em 1952,foi um presente do empresário Assis Chateaubriand a Getúlio Vargas — Foto: Arquivo

8 de 12


Getúlio Vargas gostava de ganhar livros. Acervo permanece até hoje no Museu da República no Catete — Foto: Arquivo

Pular

X de 12


Publicidade

9 de 12


FH reúne em sua fundação uma coleção de presentes,como um machado da Eslováquia — Foto: Arquivo

10 de 12


Entre as curiosidades dos presentes de Lula,um par de chifes — Foto: Arquivo

Pular

X de 12


Publicidade

11 de 12


Entre os presentes recebidos por Dilma ao longo de seus governos,estão pinturas feitas por crianças — Foto: Arquivo

12 de 12


Um estojo em metal prateado polido foi presente de Donald Trump para a posse de Bolsonaro — Foto: Divulgação

Pular

X de 12


Publicidade Reis e presidentes receberam de caixão africano a múmia egípcia

Pois na sessão de ontem o Tribunal de Contas não só deliberou que Lula não precisa devolver o relógio,como enviará ao Congresso Nacional a cópia do resultado do julgamento “reconhecendo” que “não há fundamentação jurídica para caracterização de presentes recebidos por presidentes da República no exercício do mandato como bens públicos,o que inviabiliza a possibilidade de expedição de determinação,por esta Corte,para sua incorporação ao patrimônio público”. Em teoria,o alerta deveria servir para que o Legislativo discutisse e aprovasse uma lei regulamentando afinal os presentes.

Eletrobras: Em decisão unânime,CVM diz que Previ não pode votar separada do governo na empresaBrasília: Acordo com Eletrobras divide governo Lula e cria nova disputa entre Haddad e Silveira

Alguém acha que o fará?

Por enquanto,a decisão vale para Lula,mas,se o próprio TCU diz que não há regra sobre presentes,é razoável supor que fará o mesmo com Bolsonaro. Não à toa,dos 5 votos que formaram a maioria de ontem,3 foram de ministros ligados a ele.

Bastidor: Itamaraty tenta conversa de Maduro e González com Lula e líderes do México e da ColômbiaLeia também: Itamaraty vê ‘erro’ em carta da oposição sobre proclamar González presidente

O movimento do TCU foi amplamente discutido nos bastidores e representou um cavalo de pau na conclusão do tribunal sobre o mesmo assunto em 2016. Na ocasião,o relator Walton Alencar estudou as leis disponíveis e diferenciou os objetos de luxo do que chamou de “itens de uso personalíssimo”.

Coisas de pouco valor e uso estritamente pessoal poderiam ficar com os ex-presidentes,enquanto joias e itens de valor — incluindo relógios — teriam de ser devolvidos ao patrimônio público. Foi aí que o plenário determinou que Dilma Rousseff e Lula devolvessem 564 itens que tinham recebido em seus mandatos.

Bolsonaro indiciado: Por que nova joia descoberta pela PF não aparece no relatório enviado a Alexandre de MoraesRelembre: Esquema das joias desviou bens de R$ 6,8 milhões,diz relatório da PF que indiciou Bolsonaro

Ontem,porém,parecia que nada disso tinha acontecido. Em meio às piruetas retóricas adotadas para concluir que nenhum presidente precisa devolver mais nada,vários ministros comentaram,como se fosse a coisa mais natural,que até hoje não foram entregues nem os 564 itens listados pelo TCU,nem outros 4 mil que foram recebidos e registrados nos governos Dilma e Lula,mas desapareceram dos acervos públicos.

De acordo com Walton Alencar,a Polícia Federal procurou,mas não encontrou nenhum deles. O Cartier não estava entre esses objetos,porque não chegou sequer a ser catalogado.

Venezuela: Estudo mostra que González venceu Maduro com 66% e avançou em redutos chavistasAnálise: Maduro segue caminho de Ortega e coloca Lula em encruzilhada sobre defesa da democracia

Guinada no tribunal

Ao final da sessão,Lula e Bolsonaro podiam se considerar vencedores. Numa mesma decisão,o tribunal que deveria fiscalizar o uso dos recursos públicos optou por não fazê-lo,equiparando e anistiando os dois.

Como resumiu o ministro Alencar em seu voto,derrotado ontem,com essa guinada o tribunal na prática está autorizando qualquer pessoa interessada em vantagens no governo a dar presentes milionários aos presidentes sem sofrer qualquer sanção na Corte.

Petrobras: Magda Chambriard amplia ‘strike’ na cúpula da estatal para acomodar indicações políticasGoverno: Bloqueio no orçamento de Lula deve afetar PAC e reacender disputa entre Haddad e Rui Costa

A esta altura,não dá para dizer se e como a decisão do TCU vai afetar os próximos movimentos da PGR e do Supremo. Também sempre haverá quem diga que o caso de Lula não permite nenhuma comparação com o de Bolsonaro.

Ou,ainda,que um relógio não é nada diante das negociatas da Covid,dos kits de robótica,das obras da Codevasf,dos descontos bilionários e inexplicáveis em multas por corrupção ou dos esdrúxulos perdões administrativos que se produziram no passado e continuam a ser maquinados nas sombras do poder. Tudo isso é verdade. O problema é que,no fundo,este não é um texto sobre relógios.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.
©direito autoral2009-2020Turismo e Hotelaria      Contate-nos   SiteMap