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McDonald's recua na política de diversidade: tendência global impacta empresas brasileiras

2025-01-09 IDOPRESS

Mc Donald's — Foto: Gustavo Azeredo / Agência O GLOBO

RESUMO

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GERADO EM: 08/01/2025 - 18:35

McDonald's e diversidade: desafios no Brasil

O recuo do McDonald's na diversidade reflete uma tendência global de empresas revisando suas políticas. No Brasil,mudanças no discurso e investimento em D.E.I são observados,com cautela diante de debates polarizados. A fragilidade das políticas de diversidade no país é destacada,apesar de avanços legais e cobranças da sociedade por ações concretas.

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A rede de fast-food McDonald’s informou,em comunicado na última segunda-feira,que revisará e recuará em algumas de suas metas de diversidade nos Estados Unidos. Assim,junta-se a empresas como Toyota,Walmart e Microsoft,que também anunciaram reduções em suas políticas de diversidade em território norte-americano. Essa decisão reflete uma tendência que está se espalhando por empresas e instituições americanas,em resposta ao ambiente político polarizado,intensificado pela decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos,em 2023,que proibiu o uso da ação afirmativa em admissões universitárias.

Há quase cinco anos,após os movimentos em protesto contra a morte de George Floyd em 2020,no país liderado por Donald Trump,presidentes de gigantes como Comcast,Nike,Netflix,Google,Adidas e Pepsico se comprometeram com ações antirracistas em suas operações e recursos em projetos voltados para a redução da desigualdade racial. Cerca de US$ 1,7 bilhão em investimentos foram anunciados nessa causa nos Estados Unidos e Europa.

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Liliane Rocha,CEO e fundadora da Gestão Kairós,destaca que o movimento do McDonald’s reflete um cenário mais amplo de retrocessos,conhecido como backlash. O termo descreve a resistência ao avanço de pautas como diversidade e sustentabilidade empresarial,impulsionada pelo movimento anti-woke.

– Backlash é,em tradução livre,um retrocesso em diversidade,inclusão e ESG. Já o movimento anti-woke faz oposição ao "despertar" para essas questões,promovendo um discurso que valoriza conceitos como mérito,excelência e inteligência (M.E.I.) em oposição à diversidade e inclusão (D.E.I.) – explica Liliane.

Segundo ela,este é um momento de freio em políticas de diversidade.

– Isso não significa que as empresas abandonaram essas pautas,mas muitas estão reavaliando suas estratégias e discursos para evitar conflitos com setores conservadores da sociedade – observa.

Renata Machado Nunes,coordenadora do MBA Diversidade e Impacto Social da PUC-Rio,destaca que iniciativas de diversidade continuam sendo amplamente adotadas por grandes empresas,mas com este pano de fundo,muitas buscam não deixar tão explícita sua orientação para a pauta.

– O próprio McDonald’s,neste comunicado,declara que a diversidade confere vantagem competitiva e que os funcionários têm melhor desempenho quando se sentem pertencentes à organização. Além disso,a inclusão permanece como um dos seus cinco valores. Ao meu ver,o impacto é muito mais no discurso do que na prática,com o objetivo de seguir com a pauta,mas sem evidenciá-la tanto – avalia.

Como exemplo,Renata cita o estudo 2024 Corporate Diversity Tracker,publicado pela Heritage Foundation,que analisou as práticas de D.E.I. de empresas da Fortune 500. Embora crítico às iniciativas,o relatório reconheceu que 485 das 500 empresas promovem ativamente políticas de diversidade.

E o Brasil?

No Brasil,embora o impacto dessas revisões ainda não seja amplamente divulgado,há indícios de mudanças no discurso e no investimento em políticas de D.E.I. Liliane Rocha ressalta que algumas empresas brasileiras têm evitado usar termos como ESG e diversidade para não se envolverem em debates polarizados.

– Já percebemos um resfriamento no investimento orçamentário em iniciativas de diversidade. CEOs e executivos que antes apoiavam publicamente essas pautas agora estão mais cautelosos,buscando evitar associações a narrativas politicamente divisivas – afirma.

Ana Bavon CEO da B4People,consultoria especializada em inteligência em direitos humanos e ESG — Foto: Amanda Rod/divulgação

No mundo corporativo,Ana Bavon,CEO da B4People,consultoria especializada em inteligência em direitos humanos e ESG,lembra que muitas empresas no Brasil seguem diretrizes e estratégias definidas por suas matrizes internacionais,especialmente no caso de multinacionais.

No caso do MC Donalds,em comunicado enviado ao blog,o posicionamento da Arcos Dorados,que opera a rede no país e em outros 19 mercados da América Latina,é que "está comprometida com a promoção de equipes de trabalho diversas e um ambiente inclusivo,além de igualdade de oportunidades".

– Uma retração nos EUA pode levar a cortes ou mudanças nas iniciativas locais,criando um ambiente de incerteza para profissionais e organizações que atuam com D.E.I. no Brasil. Isso é especialmente preocupante,pois aqui as desigualdades raciais,de gênero e socioeconômicas são profundas,e as iniciativas corporativas têm desempenhado um papel importante na promoção da equidade – alerta Ana

Contudo,Ana aponta que o Brasil tem particularidades que podem mitigar ou até contrariar essa tendência. O arcabouço legal,como a Lei de Cotas para pessoas negras e indígenas no ensino superior e no mercado de trabalho público,demonstra que políticas afirmativas têm amplo amparo estatal e social.

– Além disso,a sociedade brasileira,especialmente as novas gerações,tem cobrado de forma mais incisiva posicionamentos e ações concretas das empresas em relação à diversidade. Isso pode pressionar subsidiárias locais a manter ou expandir suas iniciativas de D.E.I.,independentemente do movimento nos EUA – acrescenta.

Apesar disso,a fragilidade das políticas de diversidade nas empresas brasileiras ainda é uma questão preocupante,como salienta Felipe Saboya,diretor-adjunto do Instituto Ethos. Ele destaca o estudo Perfil Social,Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas,publicado pelo Instituto Ethos,que revela que muitas iniciativas de diversidade ainda são pontuais.

– As empresas têm se concentrado em ações de porta de entrada,mas carecem de políticas que promovam a ascensão de profissionais diversos a posições estratégicas. Além disso,ainda há pouco reconhecimento das interseccionalidades que permeiam essas questões,o que contribui para o afunilamento hierárquico – conclui Saboya.

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